Escolha

Após indicação de Lula, Jean Paul Prates é eleito presidente da Petrobras

Petista também foi aprovado como membro do Conselho de Administração da companhia

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ex-senador Prates tem longa jornada profissional relacionada ao universo temático que envolve a Petrobras e, entre outras coisas, atuou como consultor nacional de petróleo - Pedro França/Agência Senado

Após indicação do presidente Lula (PT), o nome do ex-senador Jean Paul Prates (PT) foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Administração da Petrobras, nesta quinta-feira (26), para presidir a companhia. O petista também passa a fazer parte do mesmo conselho.

O aval acontece depois da renúncia do presidente anterior, Caio Paes de Andrade, que foi substituído de forma interina por um diretor. Agora o nome de Prates precisará ser submetido ainda à análise da Assembleia de Acionistas, que deverá avaliar a escolha nos próximos meses.

Ele havia renunciado ao mandato parlamentar pouco antes, com a iniciativa tendo sido oficializada pelo Diário Oficial da União (DOU) desta quinta. Prates foi indicado por Lula porque o governo tem maioria entre os acionistas da empresa e por isso pode escolher um gestor da sua preferência. O nome do ex-senador vinha sendo apontado desde o período de transição de governo como o mais provável para conduzir a Petrobras.

A empresa esteve na mira das gestões Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022) nos últimos anos, sendo alvo de uma série de iniciativas neoliberais que se estenderam da abertura do pré-sal para as multinacionais às constantes ameaças de privatização. O governo do PT tem defendido um freio nesse tipo de medida e a indicação de Prates para o cargo se insere nesse contexto.

O ex-senador tem longa jornada profissional relacionada ao universo temático que envolve a Petrobras. Entre os anos 1990 e 2000, por exemplo, Prates atuou como consultor de petróleo nacional, dirigiu a Expetro Consultoria em Recursos Naturais Ltda. e assessorou diferentes grupos de interesse, entre eles empresas públicas e privadas e sindicatos ligados ao segmento.

O petista tem dito que não pretende fazer política intervencionista na Petrobras, mas defende uma mudança na cartilha que a estatal passou a adotar nos últimos tempos. Entre outras coisas, Prates é crítico da atual política de preços da empresa, que está atrelada ao dólar e por isso submete os preços dos combustíveis à mesma oscilação ditada pelo mercado internacional, onerando o consumidor final dos produtos. Com a aprovação do nome do petista para a condição da empresa, há, então, expectativa de que a Petrobras sofra uma alteração da sua estratégia de atuação.

No contexto atual que circunda a escolha do novo presidente, o mundo político aguarda agora futuras alterações no Conselho de Administração da Petrobras. Ainda dominado por nomes ligados à linha econômica do governo Bolsonaro, o órgão deverá ter a sua composição modificada pela gestão Lula. A ideia é que o governo atual tenha maioria entre as cadeiras para que possa, adiante, mudar também a diretoria da Petrobras e promover as mudanças defendidas.

Perfil

Jean Paul Prates tem 54 anos e é advogado de formação, graduado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Também é mestre em Economia e Gestão de Petróleo, Gás e Motores pelo Instituto Francês do Petróleo (IFP School) e em Política Energética e Gestão Ambiental pela Universidade da Pensilvânia.

Entre outras coisas, já atuou como assessor jurídico da Petrobras Internacional S.A. – Braspetro, foi editor da revista Oil e Gas Journal Latinoamericana e secretário de Energia do Rio Grande do Norte, estado pelo qual foi senador entre 2019 e 2023. O petista era suplente da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que deixou o mandato no Congresso Nacional em dezembro de 2018 para assumir o governo do estado.

No Senado, ele foi presidente da Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia, líder da minoria e membro da Comissão de Assuntos Econômicos, entre outras atuações. O ex-senador militou no PDT durante a juventude e se filiou ao PT em 2013.

Edição: Nicolau Soares