Dias antes de o conselho de administração da Petrobras analisar a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) à presidência da estatal, a empresa anunciou um reajuste de 7,46% no preço da gasolina vendida pela companhia a distribuidoras.
O preço do litro do combustível passará de R$ 3,08 para R$ 3,31. O novo valor será praticado a partir de quarta-feira (25).
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Segundo a Petrobras, o reajuste é coerente com sua atual política de preços. Essa política, aliás, já foi criticada diversas vezes por Prates, indicado para comandar a estatal.
Coincidentemente, a indicação de Prates à presidência da companhia será avaliada pelo conselho máximo da empresa também na quinta (26), um dia depois de o reajuste entrar em vigor.
Paridade de Importação
A atual política de preços da Petrobras está baseada no chamado Preço de Paridade de Importação (PPI). Na prática, a empresa vende o combustível que produz no Brasil a preços parecido com o do mercado internacional.
Como a gasolina subiu nos últimos meses no mundo, a estatal reajustou seus preços no Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu mudar isso em sua campanha eleitoral. Em diretrizes encaminhadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula declarou que “é preciso abrasileirar o preço dos combustíveis”.
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O economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo, disse que ainda é cedo para cobrar de Lula o cumprimento de sua promessa, já que ele ainda não conseguiu colocar seus indicados na gestão da Petrobras. “Não dá pra culpar Lula [pelo aumento], pois a direção da empresa ainda está com os indicados por Bolsonaro [ex-presidente].”
Para Dantas, contudo, o aumento dos combustíveis no início do novo mandato reforça a pressão para que a gestão Lula aja rápido na Petrobras. “O preço da gasolina e do diesel estão em alta no mercado mundial. Ou seja, a margem para adiar a resolução desse problema [dos preços internos] diminui”, concluiu.
Impacto nos postos
A Petrobras fornece cerca de 80% da gasolina usada por carros no Brasil. Isso significa que o aumento dos preços do produto vendido por ela a distribuidoras tem efeito em postos de combustíveis em todo país.
Segundo a Petrobras, considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,42 a cada litro vendido na bomba.
Edição: Nicolau Soares