PERDEU O TELEFONE?

Preso em Brasília, Anderson Torres voltou dos Estados Unidos sem o celular

Acusado de atuação omissa durante ataque golpista, ex-secretário de segurança do DF não entregou aparelho para perícia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Ex-ministro de Bolsonaro, Torres estava na Flórida durante o ataque de 8 de janeiro, mesmo lugar em que está Bolsonaro - EVARISTO SA / AFP

Depois de quatro dias dizendo que cumpriria a ordem de prisão a ele decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Anderson Torres finalmente o fez, neste sábado (14). De Miami (EUA), desembarcou em Brasília (DF) e se entregou para a Polícia Federal (PF). Mas sem o celular.  

Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro (PL) e secretário de segurança do Distrito Federal (DF) durante os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro – que lhe renderiam a exoneração e que ele assistiu dos Estados Unidos, para onde viajou na véspera – Torres teve a prisão decretada na última terça-feira (10).  

O pedido, acatado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, foi feito pela Advocacia Geral da União (AGU), acusando Torres de omissão e conivência com o ato golpista. Neste mesmo dia 10, Torres postou no Instagram que seu Whatsapp tinha sido clonado: “não aceitem nenhuma mensagem ou ligação”.   

Ao que parece, Anderson Torres, que está preso no Batalhão da Polícia Militar do DF, não terá o seu celular entre os cerca de mil aparelhos que, segundo o ministro da Justiça Flávio Dino, foram apreendidos e passarão por perícia da PF após os atos golpistas do último dia 8 de janeiro, na capital federal.  

O interventor federal Ricardo Cappelli, que substituiu Torres à frente da segurança do DF, em entrevista à CNN Brasil, acusou seu antecessor de “sabotagem”.  

“No dia 2 [de janeiro], Anderson Torres assumiu a Secretaria de Segurança, exonerou todo o comando e viajou. Se isso não é sabotagem, eu não sei o que é. Houve uma operação estruturada de sabotagem, comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres”, enfatizou Cappelli. 

Celular nos EUA e minuta de golpe no armário 

A situação de Anderson Torres se agravou quando, na última quinta-feira (12), uma busca da PF em sua casa encontrou, no armário, a minuta de um decreto que permitiria a Bolsonaro instaurar “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, assim, mudar o resultado da eleição presidencial. 

Pelo Twitter, Torres afirmou que o documento foi vazado “fora de contexto” e que no cargo de ministro da Justiça, “nos deparamos” com “propostas dos mais diversos tipos”.  

Saiba mais: Documento encontrado na casa de Anderson Torres revela plano para mudar resultado da eleição

Anderson Torres esteve ao lado de Jair Bolsonaro na live mais contundente do ex-presidente contestando as urnas eletrônicas e, durante a campanha presidencial, pediu que se instaurasse um inquérito contra os institutos de pesquisa.    

De acordo com o UOL, ex-aliados de Bolsonaro informaram o Palácio do Planalto que Torres teria se encontrado com Bolsonaro em Orlando, nos Estados Unidos, um dia antes do ato golpista em Brasília. 

Pouco depois de se entregar, Torres passou por audiência de custódia e permanecerá preso. A expectativa é que ele faça um depoimento nesta segunda-feira (16). 

Edição: Daniel Lamir