O Laboratório de Sismologia (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realiza um monitoramento diário de todos os tremores de terra no Brasil. Quem visitar o site, despretensiosamente, pode se assustar com os resultados divulgados.
Embora o Brasil esteja em uma situação privilegiada, geologicamente falando, isso não impede que diariamente aconteçam terremotos no país, principalmente na região Nordeste.
Na última segunda-feira, por exemplo, um tremor de terra na região do município de Araripina, no estado de Pernambuco, atingiu a magnitude preliminar de 2.2 mR (sigla para Escala Ritcher, a mais usada para medições de terremotos).
No mesmo dia, as estações sismográficas operadas pelo Laboratório Sismológico da UFRN registraram um tremor de terra na região do município de Jacobina, no estado da Bahia. De acordo com a análise técnica, a magnitude preliminar deste evento foi calculada em 1.5 mR. Em nenhum dos dois, segundo a equipe do monitoramento, a população local não sentiu os tremores.
“Essas movimentações fazem parte da dinâmica interna da terra. No Brasil a gente vive uma região privilegiada em relação a outros países do mundo”, defende o professor Aderson Farias do Nascimento, coordenador do laboratório.
Ele continua explicando que o país está “Em uma região chamada de intraplacas, no interior de uma placa tectônica. Os principais contatos que a gente vive próximo aqui é no Chile e no outro lado do continente existe a dorsal meso-oceânica, no meio do Oceano Atlântico, que divide o Brasil do continente africano.”
Terremotos não preocupam a população brasileira, mas, segundo Nascimento, isso não é motivo para abrir mão de estudar profundamente
“A gente não deve negligenciar esse fenômenos. Não podemos atribuir a zero algo acontecer. Precisamos estar sempre antenados a acontecer. Risco não é só a chance de acontecer”
O professor explica que a forma que a população ocupa o solo pode aumentar o risco e a gravidade algo acontecer. “Se acontecer algo no meio da Antártida não tem risco para o ser humano. Porque lá é inabitado, talvez ninguém saiba. Mas à medida que a gente vai ocupando o nosso solo essas questões de sismicidade precisam ser levadas em consideração.
Relata-se que, em janeiro de 1955, no Mato Grosso, mais precisamente na Serra do Trombador, foi detectado um terremoto de 6,6 graus na escala Richter, o maior registrado na história do Brasil. O abalo ocorreu em região muito pouco habitada, o que não ocasionou em mortes nem em danos materiais.
O caso recente mais relevante aconteceu no Vale do Jiquiriçá, na Bahia, em agosto de 2020. Um terremoto de 4,6 graus na escala de magnitude atingiu algumas regiões do estado. Embora tenha assustado a preocupação local que sentiu os tremores, ninguém ficou ferido.
Nos últimos 10 anos o Brasil tem um sistema de monitoramento que atua de Norte a Sul do Brasil. Atualmente, o Laboratório de Sismologia conta com estações de monitoramento sísmico em todos os estados do Nordeste para detectar vibrações dos terremotos que ocorrem nesta região.
Card Bem Viver / Brasil de Fato
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Edição: Lucas Weber
