fé e amor

Cristão, candomblecista ou muçulmano? Crianças apresentam suas religiões e defendem respeito

Radinho BdF fortalece o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa, um marco de luta pelo direito a liberdade

Ouça o áudio:

Entre 2015 e 2019, a maioria das denúncias de intolerância religiosa foi contra religiões de matriz africana, segundo o Disque 100 - EBC/ Reprodução
Intolerância religiosa é quando pessoas não conhecem nossa religião e a tratam como se fosse ruim

Você tem uma religião? Como prática sua crença? A partir dessas perguntas, meninos e meninas de diferentes credos foram convidados pelo Radinho BdF a compartilhar preceitos e curiosidades da sua religião, apontando a importância de respeitar as diferenças e de combater a intolerância religiosa, um crime que tem sido recorrente em diversas regiões do Brasil nos últimos anos.

Por isso, a discussão da edição de hoje (11) do podcast infantojuvenil do Brasil de Fato fortalece o Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa, em 27 de janeiro, com um marco de luta pelo direito das pessoas praticarem sua fé, independente de qual seja.

“Eu sou do Candomblé, da Nação Angola Congo. Intolerância religiosa é quando as pessoas não conhecem a nossa religião e nos tratam como se ela fosse ruim ou do mal. Isso não é legal”, diz Maya, que tem 10 anos e mora no Rio de Janeiro.

Dados do governo brasileiro apontam que uma denúncia de intolerância religiosa foi registrada a cada 15 horas no país, entre 2015 e 2019. A maioria deles foram contra religiões de matrizes africanas. Os rituais, as vestimentas e outros elementos que caracterizam as comunidades de terreiro ainda são pouco compreendidos e as crianças acabam sendo vítimas de racismo religioso, o preconceito com religiões ligadas a população negra.

Vale reformar que no Brasil, toda criança tem direito a exercer sua liberdade religiosa e a praticar a religião e a crença que escolher. Esse direito está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o documento que reúne todos os direitos e deveres dos meninos e meninas brasileiros. Ele foi criado há mais de 30 anos, com recomendações para o governo e para a sociedade na proteção das crianças, que devem ser prioridade nas decisões do país.


No Brasil, todos têm o direito a exercer sua liberdade religiosa e a praticar a religião e a crença que escolher, segundo a Constituição / Canva Pro

Diferentes crenças

Religião é a crença na existência de entidades espirituais, que amam, acolhem e protegem as pessoas, os animais e natureza. Em quase todas elas existem maneiras próprias de praticar e cultuar seus deuses e símbolos.

“Eu tenho uma religião: sou muçulmano. A gente faz cinco orações por dia, em casa ou na Mesquita”, conta Mohamed Zarba, que tem 15 anos e mora em Santo André.

Os muçulmanos são aqueles que praticam a religião islâmica. Eles estudam o Alcorão, seu livro sagrado, e seguem os ensinamentos do Profeta Maomé, que seria um enviado de Deus na terra.

“Minha principal crença é em Jesus, filho de Deus. Eu sou evangélico e na minha religião posso louvar ao Senhor e gosto muito disso”, conta Isaac, que tem 9 anos e mora no Rio de Janeiro. “Dentro da minha religião temos alguns ritos, como o batismo, entrega das ofertas, os cultos e a Santa Ceia. Eu participo de alguns ritos, mas ainda não fui batizado”

Algumas religiões, como a católica e a evangélica, acreditam que Jesus é o filho de Deus, enviado para a terra para trazer ensinamentos e perdão para as pessoas. Eles também acreditam em Deus como único a ser cultuado.

Na igreja, os evangélicos aprendem sobre o evangelho, na Bíblia Sagrada, livro que guarda os ensinamentos seguidos pelos cristãos.

Quem também se sente muito feliz em praticar sua religião é o Kehyndê, que tem 9 anos e já participa ativamente dos trabalhos de um terreiro no interior de São Paulo. “Eu sou do Candomblé, uma religião que veio da África para o Brasil pelas pessoas escravizadas. Temos rezas, comidas de Santo e festas. No terreiro tem muitas crianças e a gente brica muito”.


O ECA garante a todas as crianças e adolescentes do Brasil e direito de praticar a religião que escolherem / Canva Pro

História e muita música

Para reforçar a importância de conviver e de valorizar a diversidade, a contadora de histórias Bruna Melauro traz para o Radinho “Meu Vizinho é um Cão”, escrito por Isabel Minhós Martins e publicado pela Editora Sesi-SP.

E como o papo é sério, mas a diversão é garantida, a Vitrolinha BdF põe para tocar “Peixinhos do Mar”, dos Bartatuques, “Que seria de mim sem a fé em Antonio?”, da Maria Bethânia e “Deus cuida de mim”, cantando pelo Caetano Veloso e pelo Kleber Lucas.


Toda quarta-feira, uma nova edição do programa estará disponível nas plataformas digitais. / Brasil de Fato / Campanha Radinho BdF

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 10h às 10h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Sarah Fernandes