Com gritos de "sem anistia", "não vai ter golpe" e pedidos de prisão para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deixou o Brasil antes do fim do mandato, manifestantes lotaram a praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (9) para um grande ato contra os ataques terroristas que acontecem em Brasília na tarde do último domingo (8).
Além da defesa da democracia, o ato convocado pelas organizações sindicais e populares que integram as frentes Povo Sem Medo, Brasil Popular e pela Coalizão Negra Por Direitos e a Convergência Negra por Direitos, pediu respeito à vontade da maioria da população do país, que deu em voto nas urnas a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Leia mais: 'Sem anistia': Manifestação pela democracia e contra atos terroristas reúne milhares em SP
O ato da Cinelândia teve início às 18 horas, diversas lideranças partidárias, políticas e populares se revezaram com falas no carro de som. Com uma hora e meia de manifestação, que encheu a praça apesar da chuva que caía na cidade, os organizadores cantaram o hino nacional acompanhados por todos os presentes.
Para a professora Lia Rocha, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), todos têm que estar nas ruas neste momento porque, segundo ela, o outro lado avança com mais violência se o campo progressista recua.
"Temos que dar demonstração de força, a gente não pode recuar. A cada recuo nosso, o outro lado avança cada vez mais violento, cada vez mais ousado no ataque à democracia e às instituições. A gente tem que ocupar a rua para garantir que o governo Lula tenha apoio popular para fazer o que é necessário", afirmou ela.
A professora universitária chamou a atenção para a necessidade de identificar e punir os golpistas que estão ameaçando uma eleição, "ameaçando um governo eleito democrático e que está sendo apoiado pelo mundo inteiro", completou Lia.
Sem anistia
O deputado estadual Flávio Serafini (Psol) fez coro aos gritos de "sem anistia", que dominaram as dezenas de manifestações que ocorreram no Brasil inteiro nesta segunda-feira (9), e afirmou que as palavras de ordem de que "não vai ter golpe, vai ter luta" expressam o que o campo progressista precisa ter como horizonte ao longo dos próximos anos de governo Lula.
"Feliz 2023, porque nós vencemos, nós elegemos Lula presidente, nós demos o primeiro passo para derrotar o fascismo e eles não vão acabar com a nossa vitória. Mas o fascismo não se derrota só com a vitória nas urnas, o fascismo mobiliza a todo tempo a violência contra trabalhadores e trabalhadoras. Ganhar nas urnas é só o primeiro passo, agora precisamos continuar mobilizados", disse ele.
A deputada estadual Enfermeira Rejane (PT) fez duras críticas a fascistas golpistas que tentam se instalar no Rio de Janeiro e no país e "que estão se fantasiando de verde e amarelo e se escoram na ditadura militar".
"Estamos na Cinelândia, nós, mulheres e homens, negros e brancos, juventude, idosos e trabalhadores que não vão se calar com o fascismo que tenta se instalar aqui no Rio de Janeiro e no país. Vamos ocupar todos os espaços políticos, é assim que vamos governar, é assim que Lula quer que a gente faça, que ocupe as ruas, que a gente mostre que aqui tem homens e mulheres que não fogem da luta e que estamos para o que der e vier", clamou a parlamentar.
Deputado federal do Partido dos Trabalhadores eleito pelo Rio de Janeiro, Reimont lembrou que a Cinelândia tem sido historicamente o lugar de encontro na defesa de direitos e da democracia.
"Há 10 anos, em 2013, havia aqui mil policiais batendo nos professores da cidade do Rio de Janeiro, professores que ocuparam a Câmara Municipal sem rasgar um papel, sem rabiscar móvel, e mesmo assim a polícia agiu covardemente. Pois ontem, a polícia do Governo do Distrito Federal o que fez foi escoltar os fascistas, terroristas e bolsonaristas. Para isso, não pode ter anistia", defendeu o deputado.
Edição: Mariana Pitasse