Nenhum óbito foi registrado entre as mais de 1,2 mil pessoas detidas no ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal (PF) em Brasília, após participação nos atos terroristas que tomaram a capital no domingo (8). As informações são da própria PF, em resposta a um boato espalhado por bolsonaristas.
A fake news tomou as redes nessa segunda-feira (9) e dizia que uma idosa teria passado mal e falecido no local. Os autores da mentira usaram uma foto de um banco de imagens da internet, que retrata uma modelo da terceira idade sorridente.
Nos textos que acompanham a fake news pelas redes, os terroristas chegam a chamar as instalações da Polícia Federal de “campo de concentração” e informam que a suposta mulher, identificada apenas como “idosa”, teria 77 anos.
Há ainda uma nota de falecimento circulando pela internet, que diz que a vítima inventada teria sentido dores e muita sede. Com um apelo para que a mensagem “corra o mundo”, o texto foi traduzido para o inglês com diversos erros e também não identifica a mulher.
A Polícia Federal informa que é falsa a informação de que uma mulher idosa teria morrido na data de hoje (9/1) nas dependências da Academia Nacional de Polícia.
— Polícia Federal (@policiafederal) January 10, 2023
Apesar dos sinais explícitos de que a informação se tratava de fake news, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), repercutiu a mentira em plenário. Na noite dessa segunda-feira ela fez um discurso na Câmara dos Deputados dizendo “lamentar” a morte da idosa desconhecida.
“Falo de uma senhora a quem foi negado comida e água e que, depois de horas, e horas, e horas a fio sendo destratada e descuidada, veio a falecer.”
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Kicis chegou até mesmo a dizer que o suposto óbito teria sido confirmado pela Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF). Depois de ser desmentida, ela voltou atrás e afirmou que cometeu um “equívoco”.
A deputada acusou o governo federal e a PF de maus tratos e violações aos direitos humanos contra os terroristas detidos. No entanto, após uma visita da OAB-DF ao local, não foi constatado nenhum problema.
Representantes da instituição observaram que todas as pessoas presas continuavam, inclusive, com acesso a telefones celulares. Algumas chegaram a montar barracas dentro do ginásio. Foi garantido atendimento médico a quem está no local, com um posto de atendimento montado. Uma sala foi liberada para consultas com advogados.
Edição: Glauco Faria