O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, toma posse nesta quinta-feira (29), em Jerusalém, para exercer o seu quarto mandato, sob protestos populares. Após quase dois meses das eleições, o premiê estará à frente de um governo formado por uma coalizão de direita ultranacionalista, que possui a maioria absoluta do Knesset, o parlamento israelense, com 64 das 120 cadeiras.
Netanyahu volta ao poder após dois anos na oposição e torna-se o político mais longevo no cargo de premiê nos 75 anos de Israel.
Na sua última gestão, permaneceu 12 anos à frente do governo, entre 2009 a 2021 e deixou a situação após uma crise política generalizada. O político de 73 anos ainda enfrenta acusações de corrupção nos tribunais. Netanyahu é acusado de subornar a imprensa para receber cobertura favorável e de receber presentes de luxo de empresários do setor das telecomunicações para favorecê-los em licitações e projetos de lei.
Em seu discurso de posse, disse que irá priorizar o "fim do conflito árabe-israelense", interromper o acordo nuclear do Irã e aumentar a capacidade militar de Israel.
A reeleição do premiê encerra quatro anos de instabilidade política no país. Em 2018, o governo liderado por Netanyahu se desfez, abrindo caminho para dois turnos de eleições, em abril de 2019 e setembro de 2019, com alta abstenção e falta de uma coalizão majoritária, o que conduziu a um governo de unidade de curta duração, formado após uma terceira votação em março de 2020. No entanto, a ausência de um projeto de unidade levou o mandato ao colapso após menos de um ano.
Movimentos populares organizaram um protesto em frente ao Knesset para expressar seu rechaço a Benjamin Netanyahu. "O governo da vergonha", gritaram manifestantes durante a cerimônia de posse da nova coalizão.
Gabinete ultranacionalista
Alguns dos ministros que ocuparão pastas importantes têm um histórico de apoio a políticas antiárabe e homofóbicas. A coligação é composta por Likud, liderado pelo novo primeiro-ministro, e outros 5 partidos, sendo 3 de direita e 2 ultraortodoxos - opositores ferrenhos do Estado Palestino e dos direitos da população LGBTQIA+.
O parlamentar de extrema-direita Itamar Ben-Gvir assumiu como ministro da Segurança Nacional prometendo flexibilizar as regras para o uso de armas de fogo pela polícia. "Queremos apoiar soldados do exército e forças de segurança diante de atividades terroristas", disse Ben-Gvir.
O ex-ministro de Inteligência, Eli Cohen, estará à frente das Relações Exteriores. Enquanto Yoav Gallant, um ex-comandante das Forças Armadas de Israel, próximo do movimento pró-colonização na Cisjordânia ilegalmente ocupada, para a pasta da Defesa.
Leia também: No dia da terra palestina, movimentos sociais exigem liberdade a presos políticos
Enquanto Netanyahu se dirigia ao Knesset, centenas de palestinos se reuniram em Ramallah, Palestina, para comemorar o 58º aniversário do lançamento do primeiro ataque contra Israel organizado pelo Fatah, partido do atual presidente da Organização pela Liberação da Palestina (OLP), Mahmoud Abbas.
Os líderes palestinos do Fatah e do Hamas, que governa Gaza, pediram unidade e resistência popular contra o novo governo israelense, especialmente na Cisjordânia ocupada e no leste de Jerusalém.
* Com informação de Haaretz, Jerusalem Post e Perfil
Edição: Thalita Pires