Existem muitas maneiras de apoiar os povos tradicionais em suas batalhas diárias pela sobrevivência e reconhecimento de seus territórios. Uma delas é a potente literatura que ilumina pontos pouco explorados e refaz caminhos e narrativas para evidenciar histórias e acontecimentos. Essa é a ponta de lança de Micheliny Verunschk, historiadora e escritora de "O som do Rugido da Onça", vencedora do Prêmio Jabuti 2022 na categoria "Romance Literário".
No livro, Micheliny reconta a história de duas crianças indígenas das etinias Miranha e Juri, que foram levadas do território brasileiro para Munique, na Alemanha, em 1820, por dois cientistas naturalistas para servirem de cobaias em pesquisas. "Eu reconto essa história partindo do ponto de vista não dos cientistas, mas pelo ponto de vista das crianças. Eu fabulo o que essas crianças viveram, o que elas sentiram, com apoio na pesquisa histórica. Trata-se de um romance histórico.", explica a autora em entrevista para o jornalista Afonso Bezerra, do Brasil de Fato.
A familiaridade em dar novo corpo para histórias reais não é de agora. Em seu trabalho anterior, chamado pela autora de "trilogia infernal" (composta pelos títulos “Aqui, no coração do inferno”, “O peso do coração de um homem” e “O amor, esse obstáculo”) ela também reconta histórias da Ditadura Militar para evidenciar outro Brasil. "Eu estou sempre com esse flerte com a história. Embora ela seja ciência, ela também é uma narrativa que por muito tempo privilegiou o ponto de vista dos vencedores. O meu olhar para a história como ficcionista e como historiadora é trazer o documento para um outro lugar, de diálogo com o nosso tempo. E de perceber por quais frestas que a história mínima, a história do povo, daqueles que não detém o poder, como ela pode ser contada", relata a autora, que defende a literatura como potente instrumento de iluminar os vazios deixados pela narração da memória.
A literatura é farol, defende Micheliny, que deseja que essa história ainda seja recontada de outros modos, por outras perspectivas "Talvez pelo próprio povo Miranha e Juri ou outros povos". Nesse sentido, ela acredita que o reconhecimento pelo Jabuti é uma maneira de incentivar a história indígena ocupar novos lugares. A produção de "O som do rugido da onça" começou em 2016 com experiências da autora em comunidades indígenas para relatar com mais fidelidade a natureza dessas etinias "Foi um trabalho árduo de pesquisa histórica e antropológica, além de uma pesquisa que eu vou chamar de afetiva, que foi a minha aproximação de narradores indígenas, com um olhar de alguém que está ali para aprender. Eu fui fazer um curso sobre ervas, visitei aldeias, fiz pintura corporal e enquanto fazia isso conversava com pessoas", conta sobre seu processo criativo.
A entrevista completa com Micheliny Verunschk está disponível na edição desta quarta-feira do programa Bem Viver.
Os cuidados para o verão
A estação mais quente do ano começa hoje oficialmente e é a preferida de muita gente, que aproveita as altas temperaturas para curtir uma praia, piscina e praticar mais atividades ao ar livre. É por isso que o verão exige um pouco mais de atenção aos cuidados com o corpo, principalmente com a pele.
O médico de família e comunidade Aristóteles Cardona Junior, membro da Rede de Médicos e Médicas Populares, explica que as doenças mais comuns nessa época do ano são relacionadas ao câncer e outros problemas de pele como queimaduras causadas pelo sol, envelhecimento precoce e até o afetamento da visão. "Em primeiro lugar, a hidratação do corpo, a partir da ingestão de líquido e da pele, com uso de hidratantes quando possível. Mas antes disso, é fundamental o uso do protetor solar. Eu vejo gente falando que tal tipo de pele não precisa, mas na realidade o cuidado é pra todos e todas. A marca desse produto não é o mais importante e sim o habito de usar esses protetores", recomenda o médico, reforçando a importância de também investir em proteção física, como o uso de camisa e chapéu durante a exposição ao sol.
Das 10h às 16h horas é o período que se deve ter mais cuidado com a exposição ao sol. Se não for possível evitar os raios solares nesses horários do do dia, Aristóteles orienta o reforço da proteção. Também é importante o conhecimento sobre o próprio corpo para a identificação de possíveis doenças de pele e do próprio câncer. "Geralmente ele começa com pequenas feridas que não cicatrizam, essas feridas vão aumentando. Outras vezes aparece em forma de verrugas e podem sangrar. Se perceber alterações na pele é sempre importante passar por um profissional de saúde para avaliar o risco e tomar os cuidados necessários", finaliza o médico.
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Edição: Camila Salmazio
