Com a eleição em outubro passado de vereadores do Rio de Janeiro com mandatos em andamento para a Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), a partir de fevereiro do ano que vem suplentes assumem as vagas na Câmara Municipal. As vereadoras Luciana Boiteux (Psol), Luciana Novaes (PT), Mônica Cunha (Psol) e o vereador Edson Santos (PSB), conversaram com o Brasil de Fato sobre algumas de suas propostas para os próximos dois anos na capital.
Leia mais: Veja como fica a composição da Câmara do Rio após vereadores serem eleitos deputados
Dos seis novos vereadores que chegam em breve ao Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, centro da capital fluminense, a cidade terá quatro novos parlamentares representando o campo progressista e a esquerda carioca.
É o caso da advogada e professora da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Luciana Boiteux. Ela é filiada ao Psol desde 2016, tem 50 anos e esteve como vice na chapa de Marcelo Freixo na eleição de 2016 para a Prefeitura do Rio. Em 2020, ela se tornou a primeira suplente do partido nas eleições municipais para o Legislativo, ao receber quase 9 mil votos. Com a ida de Tarcísio Motta (Psol) para a Câmara Federal, Luciana assume a vaga de vereadora do Rio.
"Minhas principais pautas na Câmara Municipal serão o reflexo da minha trajetória militante: o feminismo e o direito das mulheres à cidade. Na pauta da educação, estarei na defesa da escola pública, laica, gratuita, democrática, inclusiva e socialmente referenciada e dos trabalhadores da educação que precisam ser respeitados e valorizados", afirmou a futura vereadora, que, assim como os demais, toma posse em fevereiro.
De volta à Câmara, Luciana Novaes, que teve mandato como vereadora entre 2017 e 2020 pelo Partido dos Trabalhadores (PT), é a atual suplente de Lindbergh Farias (PT), que deixa a Casa para assumir o cargo de deputado federal. Em 2020, Luciana, de 39 anos, obteve mais de 15 mil votos e vai retomar suas pautas em prol da inclusão de pessoas com deficiência. Questionada sobre as carências da cidade, ela responde:
"Da inclusão, não só para as pessoas com deficiência mas para todos os cariocas. Acessibilidade nos prédios e transporte público. A mobilidade urbana vem deixando a desejar, ônibus velhos e atrasos nos trens, por exemplo, não são aceitáveis. Esse é um assunto que definitivamente está incluído em nossas lutas", afirma ela, que é tetraplégica após ter sido vítima de uma bala perdida em 2003.
Leia também: Entrega do Prêmio Marielle Franco e Medalha Tiradentes a Muniz Sodré lota plenário da Alerj
Também se soma à bancada do Psol a ativista de direitos humanos Mônica Cunha, de 55 anos. Ela obteve 7.253 votos em 2020 e vai assumir o mandato Casa após a ida de Chico Alencar (Psol) para Brasília. Educadora social e fundadora do Movimento Moleque, criado em 2003 para combater as violações do Estado sofrida por adolescentes em medidas socioeducativas, ela teve o filho Rafael assassinado por um policial em 2006.
"Vamos trabalhar pela educação antirracista nas escolas. Outra frente é a das medidas em meio aberto, que são as medidas sócio-educativas dos adolescentes que se tornam autores de atos infracionais. O município tem que saber que todos os dias uma mulher negra perde seu filho assassinado por diversas formas, pela negligência do Estado, pela falta de políticas públicas, de prioridade. Quando a gente se torna lei, a gente dá visibilidade, reconhecimento a essas pessoas", argumentou.
Com experiência como deputado federal e com passagem pela Câmara Municipal entre 1989 e 2007, Edson Santos, de 68 anos, retorna ao Legislativo carioca com a ida de Reimont (PT) para a Câmara dos Deputados. Edson Santos recebeu 4.468 votos nas eleições de 2020 e está deixando o PSB para integrar novamente o PT. Ele espera contar com a ajuda do presidente eleito Lula na pauta de mobilidade urbana.
"Não é aceitável ficar 4 horas dentro de um transporte público para chegar ao trabalho. Precisamos repensar o modelo ônibus para deslocamento da população em uma capital que abrange a Baixada Fluminense e toda a região metropolitana. Precisamos estimular o debate sobre o metrô com o governo estadual, tendo o prefeito Eduardo Paes como articulador e pedindo a ajuda ao Ministério das Cidades e ao presidente Lula, que tem falado em renovação do PAC, para um PAC da mobilidade urbana", explica ele.
Edição: Mariana Pitasse