Diante da forte onda de protestos, desencadeada em 16 de setembro pela morte da jovem Mahsa Amini, presa por, supostamente, cobrir a cabeça de maneira considerada incorreta no Irã, autoridades do país persa afirmaram que teve início um processo oficial de revisão da lei que exige que as mulheres cubram suas cabeças com o véu islâmico, chamado de hijab.
Inicialmente, a informação partiu do procurador-geral do Irã, Mohammad Jafar Montazeri. De acordo com ele, a possível reforma, que prevê o fim da atuação da chamada polícia moral, será tocada pelo Legislativo e Judiciário, que no Irã são Poderes controlados por forças conservadoras.
O Ministério do Interior informou que ocorreram mais de 300 óbitos desde que os protestos eclodiram no país. Entre as mortes estão membros das forças de segurança, manifestantes, além de membros de grupos armados qualificados como contrarrevolucionários. Essa é a primeira vez, desde o início dos protestos que o Irã divulga uma contagem oficial de mortos.
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Várias ONGs estrangeiras, como a Iran Human Rights, que tem sede em Oslo, na Noruega, apontam que o número de mortos é de 448, diante da repressão policial. Um comitê de revisão se reuniu na última quarta-feira com a Comissão Cultural do Parlamento para discutir a reforma.
As manifestações em todo o país já causaram reações que começaram a sair do controle das autoridades. Nos últimos meses aumentam cada vez mais os relatos de mulheres sem o hijab. O presidente iraniano Ebrahim Raisi disse neste sábado que a República iraniana e suas fundações islâmicas estão protegidas pela Constituição, mas que "existem métodos de implementar a Constituição que podem ser flexíveis".
Na esteira dos protestos, o Partido Popular da União do Irã Islâmico, composto por parentes do ex-presidente reformista Mohammad Khatami, exigiu que as autoridades "preparem os elementos legais para abrir caminho para o cancelamento da lei de obrigatoriedade do hijab". Os oposicionistas também exigem que a República islâmica "anuncie oficialmente o fim das atividades da chamada polícia da moral" e permita manifestações pacíficas.
Com informações de AFP, AP e DW
Edição: Douglas Matos