Demandas

Sindicatos pedem a Lula revisão de pontos da reforma trabalhista; imposto sindical não volta

Em reunião com petista, segmento pede ainda diálogo social e recomposição do salário mínimo

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Lula recebeu centrais sindicais no Gabinete da Transição, no CCBB, em Brasília - Cláudio Kbene

 

Representantes de sindicatos e centrais sindicais disseram ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) que querem uma revisão de pontos da reforma trabalhista. Após reunião com o petista na quinta-feira (1º), lideranças do segmento disseram à imprensa que não trabalham com a ideia de “revogaço”, mas entendem que algumas mudanças feitas pela reforma precisam ser repactuadas.

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, cita, por exemplo, a preocupação do segmento com o trabalho intermitente e com a discussão entre empresas e trabalhadores sobre direitos trabalhistas sem a mediação sindical. “Mas são todos pontos que não vão iniciar o ano, com certeza. O Parlamento vai ser fundamental pra construção da nova reforma sindical, se for o caso, ou trabalhista adequada ao novo mundo em que nós vivemos – da tecnologia, do emprego e do trabalho decente.”

Os dirigentes também comentaram que não defendem a volta do imposto sindical, taxa extinta pela reforma trabalhista, que foi aprovada pelo governo Michel Temer (MDB) em 2017 e aprofundada pela gestão Bolsonaro. O segmento entende que o país precisa estudar uma nova forma de financiamento da atividade sindical.

“Se faz necessária uma nova medida, e ela tem que ser debatida no Congresso. Qualquer país do mundo tem uma política de custeio para o movimento sindical. Nenhum sindicato do mundo vive apenas das mensalidades. Isso não existe. Nós queremos, mas que não seja no formato anterior, que tinha contribuição sindical. Se o sindicato fazia pra categoria um bom trabalho ou não fazia, ele recebia. Não é isso que nós queremos. É consenso que não vai voltar mais o imposto sindical. Quem vai financiar o movimento sindical são os trabalhadores, e eles vão dizer de que forma, quanto, em assembleia”, defendeu Patah.

O grupo disse que esteve com o presidente Lula para que o segmento fosse ouvido naquilo que o setor entende como demandas principais da área trabalhista. Uma das cobranças é pela recomposição do salário mínimo, atualmente imerso em um cenário de redução do poder de compra da classe trabalhadora.

“Não há dúvida de que muitas das políticas vão ser construídas no Parlamento, e tem algumas, como é o caso do salário mínimo, que eu imagino que podem já no começo do ano serem anunciadas, como uma política de distribuição de renda a partir do salário mínimo”, projeta o presidente da UGT.

O presidente do Sindicato Metalúrgicos dos ABC, Moisés Selerges, disse que as preocupações com os problemas gerados pela reforma da Previdência de Bolsonaro também foram levadas ao presidente eleito. “Não levamos nenhuma proposta fechada, mas queremos discutir. Colocamos temas que nos preocupam, e a Previdência é um deles. Tem trabalhador hoje que não tem beneficio previdenciário nenhum. Queremos desenvolver uma ideia que contemple os trabalhadores. O que temos é que do jeito que está não dá. Queremos mudanças, mas mudanças consensuais, dialogadas.”

Edição: Vivian Virissimo