O governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) escalou duas figuras controversas para cuidar da transição nas áreas de Meio Ambiente e Infraestrutura. Uma delas é Marta Giannichi, ex-secretária da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente.
Escolhida para o cargo pelo então ministro Ricardo Salles, Giannichi tinha como função na secretaria coordenar a agenda de prevenção e controle do desmatamento, justamente no período em que a devastação ambiental bateu sucessivos recordes históricos, em meio a uma desmonte sem precedentes na política ambiental brasileira.
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Com PhD em Ecologia pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, Giannichi trabalhou no setor privado, antes de estrear no serviço público sob indicação de Salles. Ele foi um dos ministros mais bolsonaristas, até se afastar do governo sob denúncias de participação em tráfico internacional de madeira.
Integrante da transição é ligado a violações a direitos indígenas
Outra indicação com histórico controverso na área ambiental é Bruno Serapião, ex-presidente de uma gigante do setor de logística, a Hidrovias do Brasil. Sob o comando de Serapião, a empresa expandiu a participação no transporte de commodities agrícolas na Amazônia, tornando-se alvo de denúncias de violações de direitos humanos.
Segundo um dossiê do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a Hidrovias do Brasil "descumpriu sistematicamente" medidas de mitigação de efeitos negativos em Itaituba (PA).
Nos últimos anos, essa região adquiriu importância no escoamento da soja, mas prejudicou populações indígenas e tradicionais da Amazônia, que não foram consultadas sobre os impactos.
Ex-secretária de Salles coordenou programa que fracassou
O carro-chefe de Salles no Ministério do Meio Ambiente era o programa Florestas Mais, coordenado por Giannichi, integrante da transição de Tarcísio em SP. Nesta semana, a Controladoria-Geral da União (CGU) atestou o fracasso da iniciativa, em um relatório divulgado pelo portal Metrópoles.
"Não há nenhum resultado concreto a ser apresentado pelo programa [Florestas Mais]. Nesse sentido, destaca-se que não há nenhum contrato ou projeto de PSA [Pagamento de Serviços Ambientais] firmado e/ou aprovado no âmbito do Programa Florestas Mais, assim como ainda não existem cadastros de projetos de serviços ambientais”, diz a CGU.
SP fica sem secretaria de Meio Ambiente
Sob o comando de Tarcísio, São Paulo terá a fusão das secretarias de Transporte e Logística com a de Infraestrutura e Meio Ambiente. A medida é oposta ao que propunha Fernanda Haddad (PT), seu principal oponente.
O petista defendeu uma secretaria dedicada exclusivamente ao Meio Ambiente, com o objetivo de acompanhar e implementar medidas ligadas à questão climática, recursos hídricos, energia e saneamento.
Outro lado
A Hidrovias do Brasil repudiou o conteúdo do dossiê do Inesc com casos de violações a direitos humanos associados à empresa na Amazônia. "A empresa esclarece que não há população indígena lindeira ou diretamente afetada pelo empreendimento da companhia", afirmou em nota divulgada no ano passado.
Edição: Rodrigo Durão Coelho