Autor de dois gols na estreia brasileira na Copa do Mundo, o atacante Richarlison, de 25 anos, contrasta com o perfil conservador dos demais jogadores da seleção canarinho. O Brasil de Fato levantou cinco momentos em que o atacante mostrou ter consciência política e social.
Dos casos de racismo, passando pela tragédia da pandemia e até mesmo as queimadas no Pantanal, Richarlison fugiu do lugar-comum de inércia dos jogadores de futebol e se posicionou de forma progressista sobre os temas.
Confira a relação:
“Poderia ser comigo”
Em entrevista à Placar, em junho de 2021, Richarlison citou os assassinatos do menino João Pedro, morto por policiais em uma operação no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, e George Floyd, que foi asfixiado, também por um policial, em Minneapolis, nos EUA.
“O racismo é um assunto que nós, que viemos da favela, estamos acostumados. Sempre fui tratado de forma diferente. Acompanhei o caso da morte do João Pedro, no qual a polícia deu mais de setenta tiros em sua casa (o garoto de 14 anos foi baleado em uma ação no Complexo do Salgueiro, na Baixada Fluminense). Poderia ser comigo. Lá atrás, convivi com tiroteios e fui até confundido com traficante”, lembrou Richarlison.
“Também acompanhei o caso dos Estados Unidos (o negro George Floyd foi asfixiado até a morte por um policial). As pessoas que estão nas ruas estão no direito delas de protestar e pedir justiça. Se estivesse lá, faria o mesmo”, finalizou o craque brasileiro.
One Love
Antes da Copa do Mundo, capitães das seleções europeias decidiram que entrariam em campo com a inscrição “one love” e as cores da bandeira LGBTQUIAP+ em suas braçadeiras.
Era um protesto contra os ataques do governo catari aos direitos da população LGBTQUIAP+ no país, onde ser gay é considerado um crime. Em entrevista coletiva, antes do início da Copa do Mundo, Richarlison não se esquivou da questão e defendeu o protesto.
“Independentemente de qualquer coisa, temos que respeitar. Não sei o que vão fazer aqui, se vão entrar com faixa, mas eu apoio qualquer ato. Vivemos num mundo perigoso, onde não podemos ter opiniões. Seja contra o racismo ou a favor do movimento LGBTQIAP+. Eu apoio qualquer movimento”
Oxigênio para Manaus
No dia 14 de janeiro de 2021, no auge de contaminações e mortes por conda da pandemia de Covid-19, o país assistiu atônito à crise do sistema de saúde de Manaus, quando faltou oxigênio nos hospitais, para atender às necessidades dos pacientes que sofriam com problemas respiratórios.
Artistas iniciaram uma campanha de doação de oxigênio para os hospitais manauaras. O atacante brasileiro se manifestou publicamente sobre o tema e doou 10 cilindros para o sistema de saúde local.
Pandemia
Ainda durante a pandemia, em novembro de 2021, Richarlison entrou na campanha para que as pessoas se vacinassem. Na época, o governo de Jair Bolsonaro (PL), insistia em métodos sem comprovação científica para a cura da Covid-19 e desdenhava das vacinas.
Foi então que o atacante brasileiro decidiu publicar em suas redes sociais um texto, acompanhado de uma imagem, em que pedia para que as pessoas se vacinassem.
Pantanal
Preocupado com as constantes queimadas na região do Pantanal, que vitimiza milhares de animais, Richarlison foi até a região e adotou uma onça-pintada, que ficará sob os cuidados de uma ONG que trabalha para a preservação da espécie.
“Além de aprender sobre a inspiração da nossa nova camisa da seleção, a experiência foi tão massa que resolvi adotar simbolicamente uma onça que vai se chamar Acerola. O Acerola continuará vivendo lá com outras onças e animais, de forma livre, mas também monitorado pela ONG como parte de um estudo para entender melhor o comportamento da espécie e ajudar a preservá-la. Espero voltar em breve ao Pantanal e dar um salve pro Acerola”, explicou Richarlison em suas redes sociais.
Edição: Rodrigo Durão Coelho