O Parlamento Europeu adotou uma resolução nesta quarta-feira (23) reconhecendo a Rússia como "Estado promotor do terrorismo". De acordo com um comunicado de imprensa, do total dos 705 deputados, 494 votaram a favor da resolução e 58 deputados votaram contra.
A resolução aponta que os ataques deliberados e crimes cometidos pelos militares russos e pelas forças russas na Ucrânia, a destruição de infraestrutura civil e violações graves do direito internacional e humanitário são equiparados a atos de terrorismo e representam crimes de guerra. A partir dessas premissas, os deputados europeus reconheceram a Rússia como um estado patrocinador do terrorismo e um estado que usa meios terroristas.
O comunicado de imprensa do Parlamento Europeu observa que a própria União Europeia não pode reconhecer legalmente os Estados como patrocinadores do terrorismo, então o Parlamento Europeu pediu ao bloco europeu e seus membros que criem uma estrutura legal apropriada.
"Isso implicará uma série de medidas restritivas significativas contra Moscou e imporá profundas restrições às relações da UE com a Rússia", diz o comunicado.
Entre os votos contrários à resolução, a deputada irlandesa Clare Daly postou em seu Twitter que "condena a invasão da Rússia", mas se opõe à decisão, pois considera "impróprio e imprudente o uso de uma designação de 'estado patrocinador do terrorismo'".
De acordo com ela, "mesmo os falcões da administração [Joe] Biden resistiram à pressão para designar a Rússia como um 'Estado patrocinador do terrorismo', porque isso fecharia as opções para negociar esforços humanitários e de paz". "Só um tolo faz isso", acrescenta.
"A proposta é um abuso desta instituição por facções extremistas para colocar obstáculos à paz e prolongar uma guerra que está devastando a Ucrânia e empobrecendo nosso continente. Por isso vou votar contra", completa.
Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu à adoção da resolução afirmando que "a Rússia deve ser isolada em todos os níveis e responsabilizada para acabar com sua política de terrorismo de longa data na Ucrânia e em todo o mundo".
Reação da Rússia
Em resposta à decisão do Parlamento Europeu, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, ironizou a resolução e propôs reconhecer o órgão europeu como um "patrocinador da idiotice".
"O Parlamento Europeu adotou uma resolução reconhecendo a Rússia como 'patrocinadora do terrorismo'. Proponho reconhecer o Parlamento Europeu como patrocinador da idiotice", escreveu Zakharova em seu canal no Telegram.
As resoluções do Parlamento Europeu não têm força legal e são de natureza consultiva. No entanto, são amplamente utilizadas na mídia e no ambiente político da UE para promover e divulgar posições políticas específicas.
Edição: Thales Schmidt