Uma pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança divulgada nesta quinta-feira (17) revelou que a polícia do Rio de Janeiro mata uma pessoa negra a cada nove horas. No último ano, das 1.214 pessoas mortas pela polícia, 87,3% eram negras. Os dados estão na pesquisa "Pele Alvo: A cor que a polícia apaga".
Isso significa que o estado registra duas mortes de pessoas negras assassinadas pela polícia por dia. A capital lidera em número de mortos por agentes de segurança do Estado, com 458 registros, seguida por São Gonçalo, com 209, e outros cinco municípios da Baixada Fluminense: Duque de Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Japeri e Nova Iguaçu.
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Na capital, as regiões de Irajá, com 90 mortos, e do Méier, com 82, registraram mais mortes de pessoas negras em operações policiais. Ambas ficam na zona norte e incluem o Jacarezinho, favela onde ocorreu a chacina que deixou 27 mortos.
Em número absolutos, o Rio é o estado que mais mata pessoas negras entre os sete monitorados pela Rede, com 1.060, o que corresponde a 87,3% do total. A pesquisa também chama a atenção para a ocorrência de chacinas no Rio. Dos 57 registros policiais com três vítimas ou mais, 30 apresentaram a totalidade de vítimas negras. No total, foram 155 vítimas e 138 delas eram pretas ou pardas.
Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação com as secretarias de segurança do Rio de Janeiro, São Paulo, Piauí, Pernambuco, Maranhão, Ceará e Bahia.
Segundo o relatório, a distribuição racial das mortes em decorrência da ação do Estado é uma face do racismo estrutural: negros são 97,9% dos mortos na Bahia, 96,3% em Pernambuco, 92,3% no Ceará, 87,3% no Rio de Janeiro, 75% no Piauí e 68,8% em São Paulo. Em todos os estados monitorados pela Rede, o percentual de negros mortos pela polícia supera a presença dessa população nos estados.
No Maranhão, porém, a secretaria de segurança não disponibilizou informações sobre a cor dos 87 mortos pela polícia no último ano. O governo alega que a classificação não é feita no registro da ocorrência. A pesquisa destaca que a ausência ou mesmo a falta de transparência sobre os dados é uma escolha política que gera prejuízos para toda sociedade.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita