Duas testemunhas da morte de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foram ouvidas pela Justiça do Rio de Janeiro na quarta-feira (16) e afirmaram que não se lembram de terem visto criminosos sendo perseguidos pela polícia. O adolescente foi morto com um tiro de fuzil no quintal de casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, durante operação das polícias Civil e Federal.
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Em junho do ano passado, a Polícia Civil indiciou três policiais que participaram da operação pela morte de João Pedro. Mauro José Gonçalves e Maxwell Gomes Pereira devem responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Fernando de Brito Meister deve responder por tentativa de homicídio culposa, porque foi descartada a possibilidade de o agente ter atingido João Pedro.
Os três policiais alegaram que perseguiam traficantes quando entraram na casa onde João Pedro e amigos estavam. A investigação não conseguiu comprovar que houve tiroteio na casa.
A audiência da última quarta-feira (16) teve duração de aproximadamente três horas e foi conduzida pela juíza Juliana Grillo El-Jaick, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.
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A primeira testemunha a depor foi uma adolescente de 17 anos, amiga da vítima. Ela e outros jovens estavam na casa em que João Pedro foi baleado. A menina contou que os amigos estavam no quintal, quando ouviram barulhos de helicóptero e tiros. Os adolescentes correram para se abrigar na casa e viram os policiais chegarem pelas entradas da frente e dos fundos e atirarem. João Pedro foi atingido e caiu. A adolescente disse também que viu um homem, usando touca e colete, pular o muro.
A segunda testemunha a ser ouvida foi um pedreiro que trabalhava em um terreno da região. Ele relatou que por volta das 14h viu pelo menos três helicópteros e ouviu tiros. O homem mostrou o instrumento de trabalho aos policiais e seguiu andando, com as mãos na cabeça, em direção à casa do irmão, que fica em frente à residência em que João Pedro foi morto. Lá se trancou no banheiro, assustado com os tiros.
A pedido da defesa, outras seis testemunhas, policiais federais, serão ouvidos por carta precatória.
Edição: Eduardo Miranda