Rio de Janeiro

CASO JOÃO PEDRO

Em audiência, testemunha diz que não viu criminosos perto da casa em que adolescente foi morto

Três agentes foram indiciados por homicídio em operação com perseguição de maio de 2020 em São Gonçalo (RJ)

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Coalizão Negra por Direitos realiza ato nacional pelas redes sociais e lança manifesto contra morte de João Pedro, 14 anos, nesta terça-feira (26) - Arquivo pessoal

Duas testemunhas da morte de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foram ouvidas pela Justiça do Rio de Janeiro na quarta-feira (16) e afirmaram que não se lembram de terem visto criminosos sendo perseguidos pela polícia. O adolescente foi morto com um tiro de fuzil no quintal de casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, durante operação das polícias Civil e Federal. 

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Em junho do ano passado, a Polícia Civil indiciou três policiais que participaram da operação pela morte de João Pedro. Mauro José Gonçalves e Maxwell Gomes Pereira devem responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Fernando de Brito Meister deve responder por tentativa de homicídio culposa, porque foi descartada a possibilidade de o agente ter atingido João Pedro.

Os três policiais alegaram que perseguiam traficantes quando entraram na casa onde João Pedro e amigos estavam. A investigação não conseguiu comprovar que houve tiroteio na casa.

A audiência da última quarta-feira (16) teve duração de aproximadamente três horas e foi conduzida pela juíza Juliana Grillo El-Jaick, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.

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A primeira testemunha a depor foi uma adolescente de 17 anos, amiga da vítima. Ela e outros jovens estavam na casa em que João Pedro foi baleado. A menina contou que os amigos estavam no quintal, quando ouviram barulhos de helicóptero e tiros. Os adolescentes correram para se abrigar na casa e viram os policiais chegarem pelas entradas da frente e dos fundos e atirarem. João Pedro foi atingido e caiu. A adolescente disse também que viu um homem, usando touca e colete, pular o muro.

A segunda testemunha a ser ouvida foi um pedreiro que trabalhava em um terreno da região. Ele relatou que por volta das 14h viu pelo menos três helicópteros e ouviu tiros. O homem mostrou o instrumento de trabalho aos policiais e seguiu andando, com as mãos na cabeça, em direção à casa do irmão, que fica em frente à residência em que João Pedro foi morto. Lá se trancou no banheiro, assustado com os tiros.

A pedido da defesa, outras seis testemunhas, policiais federais, serão ouvidos por carta precatória.

Edição: Eduardo Miranda