Morreu nesta terça-feira (15) o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho, de 73 anos. Ele chefiou o governo do estado entre 1991 e 1995, e teve como episódio mais marcante da administração o Massacre do Carandiru, em que 111 pessoas morreram.
A morte de Fleury foi confirmada pelo MDB, partido do ex-governador. Em nota assinada pelo presidente da legenda, o deputado federal Baleia Rossi, o partido lamentou e prestou condolências a familiares e amigos, sem confirmar a causa da morte.
Carandiru
O Massacre do Carandiru completou 30 anos no último dia 2 de outubro. A chacina aconteceu sob o pretexto de conter uma rebelião na antiga Casa de Detenção de São Paulo, que ficou conhecida por "Carandiru", nome do bairro onde estava instalada.
O então Secretário de Segurança Pública paulista, Pedro Franco de Campos, chegou a dizer que nunca conversou com Fleury sobre o caso e que foi dele (Campos) a decisão sobre a invasão ao prédio. O ex-governador, por sua vez, disse à Justiça que não ordenou a invasão, mas considerou a medida "legítima e necessária", e disse que a teria autorizado se fosse consultado.
As sentenças impostas aos 74 Policiais Militares envolvidos no Massacre variam entre 48 e 624 anos de prisão. Os veredictos foram determinados nos anos de 2013 e 2014. No entanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu o julgamento em 2018, considerando que os policiais foram condenados em desacordo com as provas apresentadas à corte.
No dia 4 de agosto deste ano, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu pela manutenção da condenação dos 74 policiais militares, revisando a decisão do TJ-SP.
Antes, em seis de junho de 2021, o ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) já havia reestabelecido a condenação dos policiais. Em sua decisão, o magistrado determinou que o TJ-SP retome o julgamento das apelações apresentadas pela defesa dos 74 policiais militares.
Outros cargos
Antes de assumir o governo paulista, Fleury foi promotor de Justiça e Secretário de Segurança Pública durante o mandato de Orestes Quércia. Depois de deixar o Palácio dos Bandeirantes, ele ainda exerceu dois mandatos como deputado federal, entre 1999 e 2007.
Fleury tinha sido o último governador paulista eleito por um partido diferente do PSDB até este ano, quando o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) rompeu uma hegemonia iniciada em 1994, com vitória de Mário Covas.
Edição: Thalita Pires