O vírus da covid-19 ainda circula entre nós e apesar dos casos mais graves e de óbitos terem diminuído, é necessário continuar com a vacinação em massa da população para impedir novos picos da doença. Com a aproximação das festas de final de ano, especialistas se preocupam e já se preparam para a possibilidade de aumento de casos.
O pesquisador em saúde pública na Fiocruz, Marcelo Gomes explica em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que “o cenário do aumento de casos que tem que ser tratado como possível”.
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“A gente sabe que a imunidade natural é temporária, os dados indicam que a gente se infecta e não fica imune para sempre, com o passar do tempo a gente volta a ficar suscetível. Então o vírus continua presente, a gente tem essa dinâmica de perda de memória imunológica seja natural, seja da vacina e a gente não sabe ainda com as doses de reforço por quanto tempo vai durar essa proteção, isso é só com o passar do tempo que a gente consegue identificar de maneira adequada”, afirma o pesquisador.
Segundo Marcelo, é preocupante o fato da população adulta ter baixa adesão às doses de reforço, além dos diversos fatores que implicaram na baixa cobertura vacinal das crianças contra a covid.
“A gente deixou a desejar na comunicação em relação à vacina. Nós tivemos informações desencontradas, nós tivemos ruídos de comunicação, nós tivemos informações inverídicas sendo levadas à população que gerou muita confusão, muito receio, muita preocupação com essa vacina. E aí, por fim, quando a gente chega no último grupo que finalmente foi autorizado, que é dos mais pequenininhos, 3 e 4 anos com a Coronavac e a partir de 6 meses com a Pfizer, a gente tá tendo outro problema que é o desabastecimento”, relata Marcelo.
E a varíola?
Outro vírus que tem causado preocupação nas pessoas é o monkeypox, também conhecido como varíola dos macacos. A doença já causou três mortes no estado do Rio de Janeiro.
A varíola humana foi erradicada no Brasil durante os anos 1980 graças à vacinação em massa. O ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecinam explica que a varíola dos macacos é considerada clinicamente menos grave que a varíola humana.
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“A vacina da monkeypox é muito semelhante à da varíola humana, tanto que estamos usando para proteger da monkeypox uma vacina que foi desenvolvida para nos proteger da varíola humana. Essa vacina já foi comprada numa quantidade pequena e já chegaram no Brasil 9 mil doses, é lógico que isso é muito pouco, agora nós temos que tomar a decisão de quem vai ser vacinado, muito provavelmente não iremos nunca fazer uma vacinação massiva porque ela se espalha muito lentamente e ela mata muitas poucas pessoas”, diz Gonzalo.
Gonzalo explica também que existe um remédio específico para tratar a varíola dos macacos e que ele poderia ter evitado as mortes causadas pela doença no Brasil, mas que no entanto, o medicamento não foi comprado.
“Existe um remédio que poderia ter ajudado a salvar essas oito vidas porque se você tem uma doença e tem a monkeypox e você trata a chance daquele sujeito morrer diminui, mas o governo não comprou doses ainda suficientes deste remédio”, finaliza.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde que informou “estar em tratativas para aquisição de mais doses da vacina para o público de 3 a 4 anos. A aquisição de novas doses leva em conta o ritmo de vacinação deste público e o avanço no número de doses aplicadas”.
Em relação a vacina contra a varíola dos macacos o Ministério da Saúde afirmou ter recebido 9 mil doses em outubro e aguarda a entrega de novos lotes até o fim de 2022. Sobre a compra de remédios para o tratamento da monkeypox, o órgão não respondeu.
Edição: Mariana Pitasse