O espetáculo "Candelária", resultado de uma pesquisa dramatúrgica sobre a chacina da Candelária, rememorando também outros genocídios da população preta, terá apresentações nesta sexta-feira (4), no fim de semana, além dos dias 11, 12 e 13 de novembro, com preços populares, no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá, na zona sul do Rio de Janeiro, e quatro sessões gratuitas quartas e quintas-feiras (dias 16, 17, 23 e 24), no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), na Gamboa.
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O roteiro do espetáculo faz três recortes cênicos com base em dados históricos: em 1525, o Brasil recebe o primeiro navio negreiro, com africanos desembarcando forçosamente em terras nacionais, famílias separadas, catequização, nomes trocados e trabalho não remunerado seguido de torturas.
Já em 1911, o Brasil vai a Londres para participar do Congresso Universal das Raças e doar terras, dinheiro e passagem a europeus que quisessem vir morar aqui, com o intuito de embranquecer a população e, até 2012, extinguir a população preta. Em 1993, crianças negras são mortas na cidade do Rio de Janeiro. O que esses três momentos da história do Brasil têm em comum? Como se explica a naturalização de assassinatos de corpos pretos no Brasil? Esse é o mote dramático do projeto.
"Falar sobre a chacina de crianças e adolescentes pretos no centro da cidade do Rio de Janeiro é sempre se perguntar: 'por que isso aconteceu, por que isso continua acontecendo? Esse projeto nasce de várias perguntas e tenta entender o processo de embranquecimento forçado e o genocídio da população preta", explica Karla Muniz Ribeiro, dramaturga e atriz do espetáculo.
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Durante a encenação, o texto é dito, em sua maior parte de tempo, para a plateia. A ideia é que, assim como as buzinas da cidade grande e os alarmes que nos despertam pela manhã, "Candelária" seja um alerta para que possamos despertar para as necessidades do outro. E que nossos olhares possam interferir, positivamente, na dura realidade do outro que nos cerca, acrescenta a autora.
A realização é da Vila Musical, do multiartista Rafael Galhardo, e a produção tem assinatura do coletivo teatral Trupe Investigativa Arroto Cênico, com supervisão da produtora Burburinho Cultural. No elenco, Jonathan Silva, Karla Muniz Ribeiro, Madson Vilela e Marlon Souza, artistas negros e periféricos. O projeto foi contemplado no edital "Foca" – Fomento à Cultura Carioca 2021.
Serviço
O Espaço Cultural Sérgio Porto fica na Rua Visconde de Silva, s/n, Humaitá. As apresentações no local ocorrem entre 4 e 13 de novembro, sextas e sábados às 20h e no domingo às 19h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
No Muhcab (Museu da História e Cultura Afro-Brasileira), que fica na Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa, as apresentações serão nos dias 16, 17, 23 e 24 de novembro, quartas e quintas-feiras, às 19h30, com entrada gratuita.
Edição: Eduardo Miranda