Diante da "complacência das forças de segurança" com os bloqueios de estradas organizados por bolsonaristas que contestam o resultado das eleições, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) farão atos para "desbloquear as principais vias" obstruídas. A orientação, divulgada nas redes sociais do MTST, é que não entrem em confronto, mas que retirem os materiais que estão sendo usados para impedir a passagem de veículos.
Desde a noite de domingo (31), quando Lula (PT) foi eleito presidente com uma diferença de cerca de dois milhões de votos a mais que Jair Bolsonaro (PL), começaram protestos em algumas estradas pelo país, em especial nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ápice da quantidade de obstruções de vias foi durante a madrugada dessa terça-feira (1), com 421. O órgão afirma que na manhã desta mesma terça, são 267. Os estados com maior número de bloqueios são Santa Catarina, seguido por Pará e Mato Grosso.
Os manifestantes não aceitam o resultado das urnas e pedem "intervenção militar". Vídeos circulando nas redes sociais mostram agentes da PRF e da Polícia Militar apoiando os atos. Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça, a PRF afirmou que os casos identificados – um em São Paulo e dois em Santa Catarina - são pontuais e que os servidores responderão a procedimentos administrativos.
"Nós do MTST sempre estivemos nas ruas lutando por direitos sociais legítimos como casa e comida. Muitas dessas vezes fomos recebidos com tiros, bombas, agressões e prisões", salienta o movimento, em nota.
Assim, informa o documento, a coordenação nacional do MTST "orienta sua militância nos estados a organizar manifestações para desbloquear as principais vias de acesso, exigindo o respeito ao resultado eleitoral".
"Esperamos ser tão bem recebidos pelas forças de segurança quanto os bolsonaristas estão sendo", finalizam.
Determinações do STF
Também nesta terça (1), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes definiu que as polícias militares dos estados atuem também na desobstrução das vias.
Na segunda-feira (31), Moraes já havia determinado que o governo adote "todas as medidas necessárias e suficientes" para liberar as rodovias ocupadas. Em caso de descumprimento, o ministro determina multa de R$100 mil por hora a partir da meia noite desta terça (1) e cita a possibilidade de afastamento e prisão em flagrante do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques.
Enquanto isso, o presidente Bolsonaro segue em silêncio desde o resultado das eleições.
Edição: Nicolau Soares