Com a renda média do trabalhador despencando 5,1% no último trimestre deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o debate sobre o salário mínimo é um dos principais neste segundo turno das eleições.
Trabalhadora do setor de limpeza, Valdirene Lopes, 56, diz que a situação para pagar as contas de casa é “de aperto”. Lembra que em anos anteriores o salário que ganhava dava para sustentar a família, mas atualmente todo mês é de “amarrar a barriga”. “Trabalho desde muito cedo, antes a gente conseguia se virar bem com o salário que eu ganhava, pagávamos as contas e sobrava um pouquinho. Hoje, todo mês é um aperto”, relata.
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Na semana passada, o ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, levantou a possibilidade de desvincular da inflação o valor do salário mínimo no próximo ano. Isto é, podendo reduzir ainda mais o valor. Os trabalhadores que ganham o mínimo já não têm ganho real desde 2019. Até o primeiro ano de mandato de Bolsonaro, o mínimo era corrigido pela inflação mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Isso acabou e hoje falam em não garantir nem mesmo a reposição da inflação.
Aumento real
Enquanto o ministro de Bolsonaro defende a ideia de criar um novo critério para o reajuste do mínimo, o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propõe retomar o aumento real. “Nos nossos governos dávamos o aumento acima da inflação mais o crescimento do PIB”, disse o candidato petista, em entrevista ao podcast Flow.
Contexto: Desvincular salário mínimo da inflação causará efeito dominó "desumano" na economia
Sandro Silva, economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acredita que Bolsonaro não tem sido claro em relação ao que pretende fazer com o mínimo. “Nos últimos anos, apenas foi repondo a inflação. Apesar do discurso ter mudado, ele não tem sido claro em relação a qual regra seguirá”, analisa.
Para o presidente da CUT-PR, Márcio Kieller, os reajustes dados nos últimos anos para os trabalhadores têm sido menores. O sindicalista acredita que, caso Lula seja eleito, haverá o retorno da política de valorização do mínimo. “Temos alertado que, desde 2016, tem sido interrompida a política de valorização do mínimo, e o ex-presidente Lula tem apontado que vai voltar a valorizar o salário”, diz.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini