O segundo turno das eleições deste ano acontece no próximo domingo (30) e os candidatos à Presidência, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm visitado diversos locais do Sudeste focados na estratégia de conquistar mais votos na região. Ambos consideram o Rio de Janeiro como um estado-chave para a vitória.
O atual presidente foi vitorioso no primeiro turno, no estado do Rio de Janeiro, sendo o mais votado em 70 dos 92 municípios. Bolsonaro ganhou na capital e em quase toda a região metropolitana, onde perdeu apenas em Niterói. A diferença entre os dois candidatos foi de cerca de um milhão de votos.
Professor de sociologia política da Universidade Candido Mendes, o sociólogo Paulo Gracino Júnior avalia em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que Bolsonaro conquista muitos votos no Rio de Janeiro apostando na pauta da segurança pública.
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“Caem nesse discurso fácil de segurança pública de que é só incrementar a polícia, que diminui a criminalidade, ou seja, o problema de criminalidade é a ausência de polícia, então se eu tenho mais polícia vai ter menos criminalidade. Não necessariamente isso é verdade, isso acaba alimentando maiores índices de violência”, explica Gracino.
Paulo afirma também que a influência das milícias em diversas regiões do estado pode garantir mais votos para o atual presidente.
“Nem todos os milicianos são amigos dos Bolsonaro, mas por questões ideológicas acabam se afinando porque acreditam que essa solução simples do uso da força é uma solução boa para resolver os problemas. Isso faz com que essas regiões tenham votado massivamente no Bolsonaro e essas regiões ainda se sobrepõem por ter um número de população evangélica muito alto”, aponta.
Já a professora de ciências políticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e do programa de pós-graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Alessandra Maia avalia como positivo o fato de Lula ter visitado diversas favelas e periferias do Rio para dialogar sobre seus planos de governo.
“As favelas são parte da nossa cidade, elas não podem ser lugares onde não pode visitar, onde não pode andar, onde você não pode entrar. E um dos objetivos que tem a ver até com a segurança pública e de amplo espectro que a gente pode pensar é exatamente nesse sentido. Se nós temos que visitar, e não só visitar, estar lá é mostrar que o poder público pode estar sem necessariamente chegar para matar as pessoas”, diz a cientista política.
Para Alessandra, apesar de Jair Bolsonaro ter vencido no estado do Rio de Janeiro no primeiro turno das eleições, o candidato tem perdido espaço e votos na região.
"O que é importante enquanto uma tendência é que a gente observou uma queda em relação a 2018, ou seja, havia uma diferença muito maior em favor de Bolsonaro. Então acho que muitas pessoas que votaram no Bolsonaro votaram pensando o seguinte ‘nós queríamos naquele momento aquela mudança, hoje vemos que não é o suficiente isso que ele está oferecendo, queremos uma outra coisa’”, finaliza Alessandra.
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (27), existe estabilidade no cenário de intenção de votos para presidente no estado do Rio de Janeiro em relação ao primeiro turno. No levantamento, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 51% e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 41%.
Edição: Mariana Pitasse