Coluna

A verdadeira vencedora de 2018 e 2022: a impunidade

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Bolsonaro viola diariamente as leis eleitorais sem qualquer sanção e com beneplácito da justiça - ED ALVES/CB/D.A.Press
Justiça e imprensa normalizaram crimes eleitorais, discursos de ódio e todo tipo de perversidade

O maior erro dessas eleições não veio do Partido dos Trabalhadores, do Lula ou do Bolsonaro! Veio da justiça e da imprensa!

Eles normalizaram crimes eleitorais, discursos de ódio, mentiras e todo tipo de perversidade. Bolsonaro viola diariamente as leis eleitorais sem qualquer sanção e com beneplácito da justiça!

Inclusive, é normal que Bolsonaro fique bravo com as parcas sanções que recebe da justiça, passou a vida inteira como deputado falando e cometendo barbaridades de maneira impune e só foi candidato em 2018 por conta dessa mesma impunidade! Vale lembrar que o caso das rachadinhas envolvendo a sua família só se tornou público após os dois turnos de 2018, quando Bolsonaro já estava eleito.

Seu principal concorrente, Lula, foi preso por um juiz que viria a se tornar seu Ministro e que hoje é seu assessor nos debates contra... Lula.

E assim Bolsonaro foi eleito para, agora, disputar a reeleição com mais uma penca de ilegalidades, vamos para uma lista singela:

1) Uso das dependências do Palácio da Alvorada;

2) Medidas econômicas com apoio de banco público;

3) Aumento no número de servidores da Polícia Federal;

4) Anúncios de ações feitas com a presença autoridades do governo;

5) Uso de data cívica;

6) Viagens como chefe de Estado para o Reino Unido e para a Assembleia Geral da ONU.

E mais recentemente ele botou o pé no acelerador com medidas como: empréstimo consignado (com juros de milícia) para beneficiários do auxílio Brasil. Isso sem falar da antecipação de pagamentos dos Auxílio Brasil, caminhoneiros, taxistas e Vale Gás antecipados.

E se não bastassem os empréstimos com juros de agiota, ainda temos a compra de imóveis com FGTS futuro, sabem o que é isso? Financiamento de imóvel com um dinheiro que a pessoa não tem, e que está na mão do Estado e pior! Se a pessoa for demitida, não poderá sacar nada, afinal de contas, o valor já está comprometido com a dívida.

Independente do presidente, se nada for feito, teremos uma horda de família extremamente endividadas, o que certamente irá impactar o consumo e gerar ainda mais crise no país. Uma perversidade digna de um vilão dos filmes de James Bond.

E como a imprensa noticia isso? Chamando essa série de medidas de “pacote de bondades”, quando na verdade o nome correto é: CRIME ELEITORAL.

Só nos últimos 3 meses a Constituição Federal (Lei Complementar é a de nº 64, de 1990), o Código Eleitoral (principalmente art. 346 da Lei 4737) e a Lei de Responsabilidade Fiscal foram atropeladas de forma totalmente inédita na República moderna.

E se na TV Bolsonaro promete aumentar o salário-mínimo acima da inflação, longe das câmeras a coisa é muito mais perversa! 

O Ministro da semana que vem (ou da economia), Paulo Guedes, confirmou que existe um plano de desvincular salário-mínimo da inflação, o que é o contrário do que a campanha do seu chefe diz!

O que isso significa na prática? Que Se o preço do mercado subir, o seu salário irá na direção oposta!

E se não bastasse, ainda temos uma bomba-relógio pronta para explodir ao final das eleições! Sim! Os combustíveis!

A gasolina já está em média a R$ 4,86 por litro, quando o presidente Jair Bolsonaro assumiu o governo, ainda em 2019, o preço-médio era de R$ 4,27. Já o valor durante 2015, último ano de gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, era de R$ 3,27.

Depois de diversas manobras do governo para segurar o preço dos combustíveis, preocupado com uma derrota em primeiro turno para o ex-presidente Lula, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) voltou a registrar uma subida no preço médio dos combustíveis em todo o país.

Norte e nordeste são as regiões que registram as maiores altas, o que preocupa o presidente Jair Bolsonaro que buscava reduzir danos em sua intenção de votos quando comparada com a do ex-presidente Lula na região.

Tanto diesel, quanto etanol e gasolina estão defasados se comparados com os preços comparados com o mercado internacional, valor que baseia os preços praticados pela Petrobras e que são alvos de intenção pressão do governo para que se evite qualquer aumento até o final do segundo turno das eleições.

E o que acontece se os combustíveis subirem? Alimentos, roupas, transporte e todo o resto da economia brasileira vão subir (como se já não estivessem altos).

Independentemente do resultado das urnas, o Brasil já terá perdido se Bolsonaro não for punido por absolutamente nada do que fez nessas eleições (e olha que eu nem estou falando dos descalabros do mandato como presidente).

A sequência de crimes eleitorais que Bolsonaro está promovendo e que vai quebrar o Brasil e milhões de famílias, não recebeu qualquer manchete sequer pois já virou algo comum, banal.

Chegamos ao ponto onde não podemos falar de punição para quem comete crime eleitoral pois isso pode favorecer outro criminoso. Vocês têm ideia do quão isso é absurdo!?

A pessoa comete um crime, gravado, diante dos olhos de todos e nada ocorre ou pode ocorrer!

O Brasil virou um trem descarrilado, o problema é que todos nós estamos dentro desse trem.

*Cleber Lourenço é observador e defensor da política, do Estado Democrático de Direito e da Constituição. Com passagens pela Revista Fórum e Congresso em Foco. Twitter e Instagram: @ocolunista_

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo