A temperatura do Cerrado Brasileiro aumentou 1º (um grau) e ficou 10% mais seco em uma década. É o que demonstra uma pesquisa do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB) publicada na revista internacional de divulgação científica Global Chenge Biology.
O estudo indica que a agropecuária predatória é um dos principais motivos para a mudança climática. “A conversão em larga escala do Cerrado (considerando as vegetações campestres, savânicas e florestais no bioma) para uso na pecuária e agricultura de commodities contribuíram para o aumento da temperatura superficial e para a redução da umidade que a vegetação transfere para a atmosfera”, explica Mercedes Bustamante, professora de biologia da UnB e responsável pela pesquisa.
A região mais afetada compreende a área do Cerrado entre o Maranhão e a Bahia, mas abrange também o Distrito Federal. De acordo com a pesquisa, cerca de 46% do bioma já foi devastado para a abertura de pastagens e lavouras.
“As mudanças de uso do solo já tornaram o Cerrado mais quente e seco. Ainda temos que considerar também o impacto da mudança climática global que agrava esses aspectos”, alerta a pesquisadora.
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Impactos
A pesquisa traz ainda o alerta de que a devastação do Cerrado, o aumento da temperatura e queda da umidade favorecem os incêndios florestais e causam outros problemas que prejudicam a própria atividade econômica.
“A progressão no aumento da temperatura e na redução de umidade favorecem mais incêndios no Cerrado e causam impactos negativos sobre a própria agricultura. As alterações do ciclo da água também comprometem a geração de energia e o abastecimento de cidades que irão sofrer com secas mais intensas e prolongadas”, alerta Bustamante.
Há ainda os prejuízos para a população que habita a região, que passa a sofrer com mais calor, escassez de recursos e agravamento de problemas de saúde.
Cenários
O estudo científico também estima que se o ritmo atual de desmatamento for mantido, a temperatura do Cerrado pode aumentar 0,7º até 2050.
Caso o desmatamento predatório seja evitado, permitindo-se somente o que é estabelecido pela legislação, os cientistas estimam que o aumento seria de 0,3º em três décadas.
A reversão do quadro seria possível somente em um cenário no qual se adotasse uma política desmatamento zero, explica a professora. “É possível ainda mitigar esses impactos se trabalharmos na recuperação de áreas degradadas no Cerrado e na eliminação do desmatamento no Bioma. Nesse caso, o estudo indica uma redução de 0,04% na temperatura até o ano de 2050”, conclui.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino