Quando começou o debate presidencial, na noite deste domingo (16), nos estúdios da Bandeirantes em São Paulo (SP), havia apreensão sobre o comportamento dos convidados dos candidatos, que foram impedidos de formar a plateia do programa.
Separados por grades e um corredor com seguranças, os convidados de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se sentaram à direita e à esquerda, respeitando o espectro político das candidaturas.
Entre os lulistas, estavam os deputados federais eleitos em São Paulo, Marina Silva (Rede), Alencar Santana (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), além do advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas. No estúdio, o candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin e de Aloizio Mercadante.
Do outro lado, os bolsonaristas eram minoria, capitaneados pelo falante advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. Os outros integrantes do grupo eram os deputados estaduais Gil Diniz (PL-SP) e Tomé Abduch (Republicanos-SP). Dentro do estúdio, Bolsonaro contou com o apoio de seu filho Carlos Bolsonaro e de seu ex-ministro da Justiça e ex-desafeto, o ex-juiz Sergio Moro.
"O Brasil não tem opção. Eu faço um apelo a vocês jornalistas, vocês serão as primeiras vítimas quando esse país for comunista. Na Venezuela, em Cuba e Argentina não existe mais imprensa", gritava Wassef aos jornalistas, antes do debate começar.
No primeiro bloco, a plateia ficou em absoluto silêncio, que só foi rompido quando Lula lembrou Bolsonaro que grupos milicianos, que tem membros ligados ao presidente, assassinaram a ex-vereadora Marielle Franco. Do lado lulista, houve aplauso. Entre os bolsonaristas, a questão foi ignorada.
Tema de parte do primeiro bloco, a transposição do rio São Francisco arrancou uma observação de Marina Silvia, que foi ministra do Meio Ambiente do ex-presidente Lula. "Bolsonaro é o famoso engenheiro de obra pronta, quer pegar uma carona em uma obra que foi realizada pelo Lula. O nordestino sabe, acompanhou as obras de transposição do São Francisco, sabe quem fez chegar água no Nordeste, o Lula", sentenciou.
Quando a jornalista Vera Magalhães, atacada por Bolsonaro no debate da TV Bandeirantes do primeiro turno, fez sua pergunta, já no segundo bloco, o presidente tentou ser cortês e a saudou. “Prazer revê-la”, disse o mandatário.
Neste instante, lulistas gargalharam. Do outro lado, bolsonaristas pediram silêncio.
Sem resposta
No terceiro bloco, quando os candidatos voltaram a se enfrentar, com tempo de 15 minutos para cada um, a plateia, abastecida com pedaços de pizza frita, estava mais participativa.
Entre aplausos para os candidatos e alguns gritos isolados de "boa", lulistas e bolsonaristas riram juntos do silêncio de Bolsonaro, que não tinha resposta para a pergunta de Lula sobre os sigilos impostos por seu governo em questões como o cartão corporativo da presidência e seu cartão vacinal.
Quando o debate corria para o final, um segurança de Lula, que assistia ao debate em pé, ao lado dos convidados, torcia pelo chefe. "Presidente, olha o tempo, vai faltar tempo". De fato, no fim do terceiro bloco o tempo de fala do petista acabou antes do de Bolsonaro.
Antes do término do debate, o grupo bolsonarista se retirou do espaço pelos fundos. Para os lulistas, o petista saiu vencedor do debate.
"Principalmente no primeiro bloco, o Lula trouxe o debate que o Brasil precisa, que é o debate sobre os temas e a agenda do país. O Lula ganhou esse debate porque trouxe as soluções para o Brasil. Foi o encontro do melhor presidente da história do Brasil, contra o pior presidente do Brasil", disse Guilherme Boulos.
Edição: Thalita Pires