A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou alerta global diante de novos "surtos mais fatais" de cólera em 27 países, registrados de janeiro deste ano. Pobreza, conflitos locais e mudanças climáticas seriam os principais fatores para o descontrole da doença, segundo autoridades da OMS.
O diretor-geral do organismo, Tedros Adhanom Ghebreyesus, revelou que a taxa média de mortalidade de casos neste ano está quase três vezes maior que a dos últimos cinco anos. "Na Síria, mais de dez mil casos suspeitos de cólera foram relatados apenas nas últimas seis semanas", detalhou .
Segundo dados da OMS, as cerca de 27 milhões de doses do estoque internacional de vacinas contra cólera enviadas aos países no ano passado também não acompanharam a demanda crescente pelos imunizantes, por conta do atual aumento de surtos. A agência está atualmente apelando aos grandes fabricantes que discutam com a organização possibilidades de maior produção.
No Haiti, somente nesta semana, foram confirmados 11 casos, sete falecidos, e 111 suspeitas de infecção, sendo 51 adolescentes menores de 19 anos. Há três anos, a doença havia sido erradicada do país.
A chefe da missão da ONU no Haiti, Ulrika Richardson, declarou que foi aberto um corredor humanitário para abastecer a capital Porto Príncipe. "Sem combustível não há água limpa, sem água limpa haverá mais casos de cólera e será muito difícil conter esse surto", declarou Richardson.
O principal porto haitiano, Varreux, foi controlado por facções criminosas em meados de setembro, comprometendo o envio de combustível para boa parte do país. O Haiti já sofreu uma epidemia de cólera, entre 2010 e 2019, que vitimou cerca de 10 mil pessoas.
Edição: Thales Schmidt