Coluna

Bolsonaristas com Bolsonaro

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O apoio de Rodrigo Garcia (PSDB-SP) causou ruptura entre os tucanos, mas não deve angariar votos para Bolsonaro - Reprodução
O colunismo se empolga movimento "bolsonaristas com Bolsonaro", que é um "museu de velhas novidades"

Enquanto a discussão entre maçonaria e satanismo inflamava as redes, outra saga tomava conta dos noticiários: os apoios ao presidente Jair Bolsonaro nesse segundo turno. Cada anúncio era transmitido ao vivo sem pestanejar, caindo na mesma casca de banana do dia 7 de setembro quando as emissoras fizeram cobertura e propaganda gratuita do presidente Jair Bolsonaro durante o estridente uso da máquina pública para fazer campanha eleitoral no feriado.

Não demorou para muita gente se alarmar e certo colunismo no país se alvoroçar com os "apoios" do Bolsonaro. Porém, vamos aos fatos:

Bolsonaro começou a fazer hoje, o que Lula já faz desde janeiro. Lula está há meses construindo um amplo arco de alianças que vai desde Guilherme Boulos até o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Bolsonaro até o momento segue atrás.

Dos apoios mais "vistosos", tanto Castro quanto Zema elegeram-se escondendo Bolsonaro e se apoiando no Lula. Castro ainda tem vergonha do presidente e já declarou em entrevista que vai apoiar Bolsonaro sem fazer ataques contra Lula, afinal de contas, é amigo do petista André Ceciliano que disputou o senado do Rio pelo PT e é um nome forte do partido no estado.

Castro ainda tem mais uma pérola no seu repertório! Durante uma entrevista para o jornal O Globo, o governador do Rio de Janeiro disse ter sido menosprezado pela maior parte dos seus aliados políticos e que ele espera que mude agora que foi reeleito no primeiro turno.

Durante a entrevista ele declarou:

"Houve muito menosprezo. Até hoje o Bolsonaro não me segue no Instagram. O Carlos, o Eduardo, os filhos dele, também não me seguem.” E completou, o Arthur Lira, o Rodrigo Pacheco, também não. São sinais. Quase nenhum ministro me segue”, reclamou Castro. “[Mas] Acho que vão passar a seguir agora. Algo me diz que vão…"

Além disso, temos o governador Rodrigo Garcia que conseguiu piorar a sua situação ao apoiar o presidente e o carioca que disputa o governo de São Paulo. Os principais nomes do seu secretariado pediram a conta, o diretório paulista ainda se incomodou por Rodrigo ter atropelado a definição do partido (que ainda estava decidindo se optava pela liberação dos diretórios), levou uma carraspana do Roberto Freire, presidente do Cidadania, partido que está federado com o PSDB e foi o responsável por fazer o advogado Gustavo Covas, irmão de Bruno Covas e Alexandre Frota pedirem desfiliação do partido.

Vale lembrar que Garcia ainda precisou gastar um terço da sua campanha falando para os paulistas quem era ele. Um ilustre desconhecido.

Ah! Mas e as prefeituras!? Em São Paulo, quem tinha que ir para Bolsonaro e para Lula já foi no primeiro turno. Sem falar da penca de governadores que foram eleitos com menos votos do que os que Bolsonaro teve no estado.

E ainda temos os lavajatistas Sergio Moro e Deltan Dallagnol protagonizando um remake ruim da volta dos que não foram.

É normal que prefeitos se mobilizem mais nas disputas ao governo do estadual eles sejam mais engajados, principalmente se a disputa for para o segundo turno, o que não foi o que ocorreu em boa parte dos governadores bolsonaristas que foram eleitos no primeiro turno.

É preciso também entender se esses apoios serão de gabinete e palanque ou de corpo-a-corpo como o prefeito carioca, Eduardo Paes e a senadora Simone Tebet dizem que farão e que são mais efetivos. No caso do Bolsonaro, por serem apoios "mais do mesmo", isso será importante, vamos precisar observar como serão os próximos dias.

Já em São Paulo, Garcia possuí uma baixíssima influência nos prefeitos, perdendo para a força de tucanos mais históricos como Alckmin.

Além disso, não enfrentamos uma eleição comum. Dos mais de 123 milhões de votos dados no primeiro turno, 108 milhões já votaram em Lula ou Bolsonaro logo de cara. Nosso primeiro turno foi basicamente uma antecipação do segundo turno, o que significa que o eleitor está extremamente decidido, seja o de Lula, seja o de Bolsonaro.

Se contarmos os votos dos demais candidatos, ainda existem 9.897.870 de votos em disputa. Mais de 86% deles estão com Tebet e Ciro que declararam que apoiam Lula, principalmente no caso do Ciro onde o seu partido, o PDT, está se envolvendo diretamente na campanha, assim como Tebet que irá para o corpo-a-corpo com os eleitores de todo o país e principalmente do Sudeste.

A grande massa de brancos, nulos e abstenções não entra nessa conta por serem um bloco que dificilmente será movido para algum lado de forma significativa, geralmente nas disputas de segundo turno esse grupo tende até a aumentar.

Aos mais desatentos Bolsonaro pode até passar a percepção de que não está isolado, mas não adianta se isso não se converter em efeitos práticos.

Enquanto isso o colunismo brasileiro se empolga de forma efusiva com o movimento dos "bolsonaristas com Bolsonaro" que como diria cazuza: é um “museu de velhas novidades”.

Edição: Thalita Pires