Do barro a Brasília. Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto (MTST) recebeu 1,01 milhão votos e é o deputado federal mais votado em São Paulo nas eleições deste domingo (2). "Esse país vai ser devolvido para o povo brasileiro. Esse país é nosso", disse durante a celebração na zona oeste da capital paulista.
Este é o terceiro processo eleitoral de Boulos, mas a primeira vitória nas urnas. Em 2018, foi candidato à presidência, em 2020 chegou ao segundo turno na disputa pela da prefeitura de São Paulo, obteve 2,1 milhões de votos, mas perdeu para Bruno Covas (PSDB). De 2018 pra cá, ele aumentou sua votação em mais de 400 mil votos.
Boulos, tem 40 anos, é professor da Escola Kope, graduado em filosofia e mestre em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP). Morador do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, aos 15 anos ingressou na União da Juventude Comunista (UJC) e se aproximou do MST e logo do MTST.
Já em 2018, Frei Betto dizia que Boulos "é uma das mais jovens e promissoras lideranças de movimentos sociais brasileiros".
Com sua liderança, o MTST dobrou de tamanho em apenas quatro anos e, no momento de maior recessão, inaugurou a maior ocupação urbana da América Latina. "A esquerda organizada no Brasil está pagando o preço do que deixou de fazer nos últimos 20 anos. Se dependesse de qualquer dirigente de movimento social, esse governo tinha sido arrancado do Planalto pelo colarinho. O problema é o seguinte: a esquerda perdeu no último período base social, capilaridade social", disse em entrevista em 2018, após o golpe contra Dilma Rousseff.
Entre as suas principais propostas está a criação de impostos de grandes fortunas e patrimônios, ampliação das políticas de moradia e direito à cidade, assim como a transformação das cozinhas solidárias em política pública. Durante a pandemia, o MTST abriu cerca de 200 cozinhas solidárias em dez estados e no Distrito Federal, distribuindo cerca de 1 milhão de marmitas de forma gratuita.
Outra bandeira do líder dos sem-teto é formar uma bancada na Câmara Federal para reverter as contrarreformas aprovadas durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, como o teto dos gastos públicas, a contrarreforma trabalhista e da previdência, assim como a punição de Bolsonaro pelos crimes apontados pela CPI do Senado sobre a covid-19.
Considerado uma das apostas de futura sucessão de Lula, Guilherme Boulos consolida sua atuação nacional com a eleição deste domingo.
Edição: Thalita Pires