No jornal New York Times e na reportagem da rede de televisão Al Jazeera, as intenções golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) são destaque em reportagens sobre as eleições brasileiras. Com poucos dias antes da população ir às urnas, o Financial Times também abordou o pleito em documentário que destacou o crescimento do agronegócio e da fome.
"Durante meses, autoridades no Brasil e em toda a comunidade internacional observaram o presidente Jair Bolsonaro lançar dúvidas sobre os sistemas de votação do Brasil, ficando cada vez mais preocupados com o fato de o líder de extrema direita estar preparando o cenário para contestar uma derrota eleitoral", afirma o New York Times.
O jornal dos EUA então destaca o documento com informações falsas sobre o sistema eleitoral publicado pelo PL, o partido do presidente, na quarta-feira (28). A publicação afirma que não há provas de fraude no atual sistema eleitoral do país e que, apesar disso, "teorias da conspiração" e políticos de direita, como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), compartilharam a tese do documento do PL.
O New York Times publicou que a rápida resposta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que emitiu uma nota afirmando que candidatos e políticos que compartilhassem informações falsas sobre a eleição poderiam ser alvo de impeachment ou terem sua candidatura barrada, "provavelmente impediu a divulgação mais ampla do documento entre os políticos".
Já reportagem da Al Jazeera focou no crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas das "eleições presidenciais mais polêmicas da história do Brasil". Com dados do levantamento da Genial/Quaest publicado na quarta-feira (28), a publicação ressalta os 13 pontos percentuais de vantagem do petista.
"O Brasil permanece tenso antes da próxima votação já que especialistas levantaram preocupações sobre a violência relacionada às eleições caso Bolsonaro se recuse a aceitar a derrota", diz o texto da Al Jazeera. "O ex-capitão do Exército nos últimos meses tem repetidamente apontado para os principais ministros da Suprema Corte e alegado – sem fornecer nenhuma evidência – que o sistema de votação eletrônica do Brasil é vulnerável a fraudes generalizadas."
O jornal Financial Times visitou uma fazenda em Goiás, uma igreja e uma ocupação para falar sobre o Brasil. Com dados sobre o crescimento da fome, a queda do PIB brasileiro na última década e a disparada da inflação, o documentário aponta que "seja quem vencer as eleições, terá que navegar entre muitos, e muitas vezes conflitantes, interesses, o próximo presidente terá que capitanear não apenas um, mas múltiplos Brasis".
"O presidente Bolsonaro, ele é o melhor que nós temos? Não. Não é o melhor que nós temos, mas entre ele e o Lula, ele é o menos pior", diz Rinaldo Silva, pastor da Igreja Impactados. O documentário mostra o líder religioso recebendo o candidato Delegado Waldir (União Brasil-GO) em sua igreja. Ex-aliado de Bolsonaro, Waldir busca uma cadeira no Senado.
A trabalhadora doméstica Fabiana Batista da Silva diz ao documentário que torce pela vitória de Lula para voltar a comer carne e para que os pobres possam voltar a andar de avião, mas destaca que o petista não irá "solucionar todos os problemas".
"Durante a pandemia, a gente sofreu bastante. As crianças ficaram dois anos trancadas dentro de casa. Para se adaptar hoje em dia, para sair, estudar, voltar aos poucos, é difícil. É difícil trabalho também, é difícil hoje em dia a gente ter duas refeições por dia, no máximo uma. No máximo", afirma Fabiana.
O documentário também fala com o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que ressalta o papel do racismo na história brasileira e o aumento da desigualdade durante a pandemia de covid-19. "O Brasil se desenvolveu ancorado no racismo", diz o congressista.
Edição: Nicolau Soares