As candidaturas com perfil policialesco, candidatos oriundos de programas policiais, popularescos ou que se beneficiam deles para a realização de campanhas políticas cresceram nesta eleição. Ao todo, 43 nomes do segmento foram mapeados no país pelo projeto Mídia Sem Violações de Direitos, uma iniciativa do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
O mapeamento apontou que em 14 estados brasileiros foram encontrados perfis de candidatos ligados a programas policiais e popularescos. São eles: Bahia, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Piauí, Amazonas, Roraima, Mato Grosso, Minas Gerais, Espirito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, além do Distrito Federal,
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De acordo com o levantamento, o estado do Paraná é o que apresenta mais candidaturas neste seguimento. Ao todo, são seis candidatos concorrendo ao cargo de deputado estadual e um para senador.
Já o estado do Rio de Janeiro possui dois nomes dentro do perfil, o jornalista do Jornal da Manhã, no SBT, Daniel Penna-Firme, que concorre para deputado estadual pelo União Brasil (União) e Pedro Augusto, candidato a deputado federal pelo Partido Progressista (PP) e apresentador do Show do Pedro Augusto, na Rádio Tupi FM.
Pedro Augusto assumiu o cargo de deputado federal em 2021. O comunicador era o suplente de Alexandre Serfiotis, que deixou o cargo após vencer as eleições de 2020 para prefeito na cidade de Porto Real, no interior do estado do Rio de Janeiro.
Crescimento
Segundo o Intervozes, em 2018 os policialescos figuraram 23 candidaturas em 10 estados. Em 2022, esse número quase dobrou: são 27 candidatos a deputado estadual, 11 candidatos a deputado federal, quatro candidatos a governador e um candidato ao Senado. Desses, um candidato teve a candidatura indeferida, mas permaneceu no levantamento pela emblemática liderança entre os policialescos.
“O grande número de candidaturas policialescas experientes revela uma fragilidade no sistema midiático e político do país. Em que pese os candidatos sejam afastados das suas funções de trabalho durante a campanha eleitoral oficial, as candidaturas oriundas dos programas policiais já saem na frente em termos de visibilidade midiática”, diz o Intervozes.
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O estudo aponta que a maioria dos candidatos são homens, com 50% de brancos, 49% pardos e 1% pretos autodeclarados, e quase todos com larga experiência em eleições. Apenas 12 candidatos participam pela primeira vez de um pleito eleitoral.
Recorte
Em 2022, o projeto buscou por candidaturas ao governo do estado, Assembleias Legislativas estaduais, Câmara dos Deputados, Senado e suas suplências, além de pesquisar os programas policialescos de TV das dez maiores cidades, em número de habitantes, de cada estado.
Em parceria com o Le Monde Diplomatique Brasil, o Intervozes publicou o especial “Eleições 2022: a mídia como palanque“, que conta com três artigos detalhando o monitoramento. O primeiro já foi publicado.
A pesquisa foi coordenada por Tâmara Terso e Olívia Bandeira. Os dados foram coletados a partir de um trabalho coletivo que envolveu a colaboração das/os pesquisadores: Jonaire Mendonça, Iago Vernek, Iury Batistta, Mabel Dias, Nataly Queiroz, Paulo Victor Melo, Raquel Baster e Sheley da Silva. Também colaboraram Gabriel Veras da Abaré (AM) e Lidiane Barros, da Mídia Ninja (MT).
Edição: Jaqueline Deister