Nestas eleições, o Brasil terá um número recorde de eleitores jovens. De acordo com o TSE, houve um aumento de 47,2% de pessoas na faixa etária de 16 a 18 anos. Mas no que se refere ao número de candidatos, a representação é bem diferente. Na Bahia, entre os candidatos a deputado estadual, os jovens de até 29 anos somam apenas 4%, e entre os candidatos a deputado federal, o índice é um pouco maior, 4,5%. Ou seja, os dados apontam tanto uma crescente participação da juventude na política institucionalizada no país, quanto um descompasso entre tal participação e a representatividade dos jovens nas casas legislativas.
Para entender as demandas e desafios da juventude na disputa eleitoral, o Brasil de Fato Bahia conversou com três jovens candidatos a deputado federal de diferentes regiões do estado que têm em comum uma trajetória na luta política anterior às disputas institucionais e que trazem a defesa das pautas da juventude como um dos elementos centrais de suas campanhas.
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Alexandre Xandó tem 34 anos, é de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, e vereador no município. Sua atuação na política tem origem no movimento estudantil e na atuação junto ao Levante Popular da Juventude, movimento social de jovens que ajudou a fundar no estado. Atualmente é advogado, professor de Direito da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), militante do Movimento Brasil Popular e disputa uma vaga a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Como jovem que atuou dentro e fora dos espaços institucionais, Xandó afirma que falta referência do seguimento da juventude nesses espaços. “Falta espaço para aproximação e existe pouco diálogo com esse público, além de poucas políticas voltadas diretamente para os jovens. A juventude tem disposição para a ação, para respostas rápidas”, defende.
Juliana Silva, candidata a deputada federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), acrescenta que a distância entre escolas, universidades e a política partidária institucional aumenta esse abismo entre juventude e política institucional. “Sem uma formação crítica e as informações necessárias, ficamos aquém da importância da política e como ela afeta nosso cotidiano e futuro”, destaca. Juliana tem 29 anos, é de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, e graduanda em História pela UNEB. De origem periférica, negra e mãe, atua no movimento estudantil, é Promotora Legal Popular e presidenta do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa.
Importância da juventude na política
Ainda que haja essa distância, os candidatos apontam que a política partidária precisa da presença da juventude para sua renovação, tanto nas ideias, quanto na forma de fazer política. “A transição geracional exige que tenhamos novos quadros na política”, explica Tauã Fernandes, candidato a deputado federal mais jovem do PT no estado. Com 27 anos, Tauã é natural de Caetité, mas cresceu em Itabuna, no sul da Bahia. É professor, licenciado em historia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), onde também atuou no movimento estudantil. Já foi Secretário da Juventude do PT de Itabuna e Coordenador Pedagógico do Núcleo Territorial de Educação 05.
Juliana e Xandó afirmam que a presença da juventude traz ainda as pautas dessa parcela da população para o debate político e para a criação de políticas públicas. Juliana lembra ainda do papel histórico da juventude na política. “A juventude é responsável pelas mudanças mais criativas desse país, luta pela liberdade dos corpos, almas e diversidade. A própria dinâmica do novo tempo e novas formas de viver e enxergar o mundo já nos torna essenciais nesses espaços”, afirma.
Os três candidatos concordam que as câmaras legislativas são espaços conservadores, com a presença maciça de políticos mais velhos, e, justamente por isso, acreditam que é preciso ampliar a presença da juventude. “Tem a tentativa de nos deslegitimar com o argumento de que falta experiência para os candidatos jovens, mas nós conseguimos reverter com a nossa própria atuação”, afirma Xandó.
Criatividade e mudança nas regras do jogo
A candidata Juliana Silva destaca que a instabilidade financeira, muito comum na juventude, e a dinâmica de acesso ao fundo partidário, que prioriza os candidatos à reeleição, é mais um fator que dificulta o acesso de políticos jovens às câmaras. “No entanto, a criatividade, coletividade, vigor e os conhecimentos atualizados são nossa grande arma nesses cenários e é com eles que vamos a luta na Câmara Legislativa”, afirma com esperança.
Tauã lembra ainda que a juventude não basta para a renovação das câmaras, é preciso trazer ideias renovadas para esses novos mandatos. “Temos o desafio de renovar a nossa bancada, mas defendendo o mesmo projeto popular e soberano, incorporando novas pautas. É um grande desafio ser jovem e conseguir atuar nesses espaços mais envelhecidos”, afirma.
Fonte: BdF Bahia
Edição: Lorena Carneiro