O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, cortou quase metade da verba destinada ao tratamento do câncer no país para garantir dinheiro para o orçamento secreto. A verba para o tratamento da doença passará de R$ 175 milhões para R$ 97 milhões em 2023. O câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil, depois de problemas cardiovasculares.
Segundo revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o corte pode ter impacto direto, por exemplo, na compra de equipamentos e materiais ou na construção, ampliação ou reforma de estruturas existentes. O orçamento impactado é repassado pelo Ministério da Saúde a estados e municípios, além e entidades sem fim lucrativos que atuam no atendimento a pessoas com câncer. O dinheiro é usado para aquisição de aparelhos como tomógrafos, de raio-X, desfibriladores e equipamentos como macas ou cadeiras de rodas, por exemplo.
A perda de verba atinge a Rede de Atenção à Pessoa com Doenças Crônicas - Oncologia. O programa, muitas vezes, recebe apoio de deputados e senadores para ter mais recursos. Além do atendimento para pacientes com câncer, a canetada atinge também o apoio a gestantes e bebês (por meio da Rede Cegonha); o apoio a pessoas dependentes de drogas e com transtornos mentais (na Rede de Atenção Psicossocial - Raps) e na Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência.
Também foi atingido o atendimento médico a moradores de áreas remotas da Amazônia, que conta com profissionais do Exército e da Marinha. Os militares recebiam anualmente R$ 21 milhões, e agora o valor passará a R$ 8,1 milhões, o que vai impactar na capacidade de atendimento. O Estadão revela que também houve cortes no setor da saúde indígena (de R$ 1,64 bilhão para R$ 664 milhões) e no programa Brasil Sorridente, de saúde bucal (de R$ 27 milhões para R$ 10,5 milhões).
Esta não é a primeira vez que o governo Bolsonaro retira recursos de serviços essenciais para a saúde. Recentemente, foram anunciados cortes no programa Farmácia Popular. Para o ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina, a redução da verba poderá causar mortes de muitos pacientes.
Edição: Rodrigo Durão Coelho