As séries históricas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atestam o que a população vem sentindo nos últimos anos: a falta de políticas de empregabilidade no governo Jair Bolsonaro (PL) e a chamada reforma trabalhista de Michel Temer (MDB) que flexibilizou leis trabalhistas e prometia gerar mais empregos foram responsáveis por mais desempregados.
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No último trimestre de 2013, que corresponde aos meses de outubro, novembro e dezembro daquele ano, no fim terceiro ano do primeiro mandato do governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), o índice de desemprego na população era de 6,3%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2003, no primeiro ano do governo Lula (PT), a taxa média de desocupados era de 12,4%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), metodologia usada à época pelo IBGE. Em 2015, esse índice foi reduzido para 6,8%, representando uma queda de 45%.
No governo de Michel Temer (MDB), pouco mais de dois anos após o golpe parlamentar que tirou Dilma (PT) da presidência da República, o Brasil registrou desemprego de 11,7% na população. Dois anos depois, já com Jair Bolsonaro (PL) na metade de seu mandato, a taxa atingiu 14,2%, com queda para 11,1% no último trimestre de 2021. Nesse mesmo período, o desemprego entre a população de 18 a 24 anos chegou a 22,8%.
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Falsa melhora
Atualmente, a taxa de desemprego está menos acentuada. Mas segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no relatório "As contradições da melhora dos indicadores econômicos no Brasil", divulgado na semana passada, isso ocorre mediante manutenção e aprofundamento de desigualdades estruturais de renda e oportunidades.
Apesar do aumento recente do emprego assalariado formal (com carteira assinada), a maior geração de postos de trabalho ocorre nas modalidades por conta própria (sem CNPJ e sem contribuição para a previdência) e assalariado sem carteira (privado e público). Essa é uma tendência observada desde a reforma trabalhista (novembro de 2017), mas que se acelerou a partir de 2021.
Em situação de desemprego há quase 10 milhões de brasileiros, segundo a última Pnad, do IBGE. Entre desocupados, trabalhadores desprotegidos, desalentados, ocupados com insuficiência de horas e em negócios familiares, são cerca de 60 milhões de pessoas. "O rendimento médio real do trabalho evolui muito pouco. Os salários não crescem e ainda são corroídos pela inflação", aponta o documento do Dieese.
:: No Brasil, quem recebe salário mínimo trabalha metade do mês ou mais para comprar cesta básica ::
"Emprego desprotegido e instável gera renda instável e, assim, a vida dos brasileiros fica mais difícil. Como planejar algo futuro se não se sabe se vai haver renda no dia de amanhã e de quanto será? E com menos dinheiro e os preços dos itens básicos (alimentação, energia elétrica, aluguel, gás) altos, o resultado é o endividamento", afirma o relatório do instituto.
O Dieese lembra que quase 80% das famílias estavam endividadas no Brasil em agosto de 2022, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
"A inadimplência é recorde. São dívidas vinculadas às despesas correntes, como alimentação, tarifas públicas, habitação, entre outros, e não resultantes de investimentos na compra de bens, como a casa própria, por exemplo. Inclusive, cresce a retomada de bens (carros e imóveis) por inadimplência e para pagamento de dívidas", pondera o instituto de pesquisa econômica.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda