Além de mostrar o crescimento da atuação de milicianos em todo o estado do Rio de Janeiro, o relatório Mapa dos Grupos Armados, lançado na última terça-feira (13) em parceria do Instituto Fogo Cruzado com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF), mostra que a milícia ampliou seu poder no "asfalto".
No período compreendido entre 2007 e 2009, as milícias tinham uma ocupação equilibrada entre "asfalto" e "favelas" da Região Metropolitana do Rio – ocupavam 45,99 km² em sub-bairros e 51,81 Km² em favelas ou conjuntos habitacionais. Ao longo dos anos, esse padrão de ocupação mudou, tendendo à concentração especialmente em áreas de "asfalto", os chamados sub-bairros: em 2021, 211,88 Km² das áreas de milícia eram em áreas de asfalto (82,7%) e 44,4 Km² em favelas e conjuntos (17,3%).
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A concentração espacial das milícias em áreas de "asfalto" é ainda maior em municípios da Baixada Fluminense e no Leste Metropolitano, onde no último triênio (2019-2021), respectivamente, 87,3% e 93,3% das áreas dominadas pelas milícias eram em sub-bairros e não em favelas ou conjuntos habitacionais.
O tráfico, por outro lado, somando todos os grupos mapeados, concentrava em 2007-2009, apenas 6,87 Km² de extensão no asfalto (3,9%) e 170,15 Km² nas favelas (96,1%). No último triênio analisado, embora a concentração ainda eja maior em áreas de favelas e conjuntos habitacionais, percebe-se um crescimento expressivo também do tráficos nos considerados sub-bairros: 43,21 Km² de domínio no asfalto (17%) e 210,83 Km² nas favelas (83%).
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A Baixada Fluminense aparece como região onde o tráfico domina mais áreas no "asfalto" – 60% das áreas de "asfalto" dominadas pelo tráfico em 2019/2021 ficavam na Baixada e ¼ das áreas ocupadas pelo tráfico na Baixada eram sub-bairros. Em contrapartida, na Zona Sul e na região central da capital, o controle de milícias fora de áreas de favelas e conjuntos habitacionais tende a zero no último triênio.
Edição: Eduardo Miranda