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Promessa de eleitor

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Ele não tinha nenhum calmante pra dar pro homem, mas achou uma solução: pegou um envelope de sal de frutas, coisa que o sujeito não conhecia, e deu a ele, dizendo que era um calmante dos bons - Creative Commons
Ele fazia campanha para um candidato a deputado que, se não me engano, se chamava Floriano

As eleições estão chegando e eu me lembrei de uma história acontecida no estado do Espírito Santo, com um médico muito bom e competente, pai do meu amigo José Arrabal. Faz muito tempo que eu fiquei sabendo da história, nem me lembro dos nomes das pessoas... Vamos dizer que o médico se chamava José, doutor José.

Ele fazia campanha para um candidato a deputado que, se não me engano, se chamava Floriano.

Um dia, o doutor José pedia votos para o Floriano num bairro rural nos confins do estado e chegou um sujeito correndo, pedindo ajuda. É que uma mulher estava para dar à luz e a criança estava “atravessada”, como se dizia. A parteira não conseguia fazer o parto. Interrompeu a campanha para cumprir seu papel de médico.

Foi à casa dela e lá estava a mulher com aquela complicação, e o marido desesperado, andando de um lado pro outro. Para fazer o parto, precisava dar um jeito no marido, que com o seu nervosismo ficava atrapalhando o trabalho do médico.

Ele não tinha nenhum calmante pra dar pro homem, mas achou uma solução: pegou um envelope de sal de frutas, coisa que o sujeito não conhecia, e deu a ele, dizendo que era um calmante dos bons.

E fez efeito. O sujeito acreditou, tomou o sal de frutas e ficou calminho da silva. Ficou muito admirado com o tal de sal de frutas, achando que era mesmo bom pros nervos.

Enfim, nasceu a criança, saudável. E a mulher também não teve complicações. O marido ficou todo feliz, e o doutor José falou:

- Tá aí o menino, forte e são... Sorte que eu estava aqui fazendo campanha pro Floriano. O que acha de pôr no menino o nome Floriano?

O sujeito disse que gostou da sugestão.

Passados uns tempos, o médico voltou àquele lugar e lá encontrou e reconheceu o casal todo feliz, com o menino brincando pra lá e pra cá. Cumprimentou o casal e depois brincou com o menino:

- Oi, Floriano...

O pai do menino, meio sem graça, falou:

- Não, doutor... Ele não se chama Floriano.

O médico, surpreso, perguntou:

- Você não ia dar a ele o nome do deputado?

Com um sorriso forçado o sujeito disse:

- É... ia, mas dei nome de Ênio, que nem o sar de fruita.

 

*Mouzar Benedito é escritor, geógrafo e contador de causos. Leia outros textos

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rodrigo Gomes