Depois de os altos preços do gás causarem a redução do consumo de botijões no país, a Petrobras anunciou uma queda no preço do combustível nesta segunda-feira (12). O anúncio foi mais um realizado pela estatal neste semestre, período em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) concorre à reeleição.
De acordo com a Petrobras, a partir de terça-feira (13), o preço do quilo do GLP (gás de cozinha) vendido pela estatal às distribuidoras passará de R$ 4,23 para R$ 4,03/kg –R$ 0,20 ou 4,7% a menos.
Considerando esse preço, o custo de um botijão de gás de 13kg em refinarias passará a ser o equivalente a R$ 52,34. Isso corresponde a uma redução de R$ 2,60 por 13 kg.
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Segundo a Petrobras, a queda acompanha a evolução dos valor do gás no mercado internacional do produto e é coerente com sua prática de preços.
Com a Petrobras atrelando o preço de seu gás ao do mercado internacional, o preço do botijão no Brasil superou os R$ 110. Isso é 40% mais do que a média da década, já descontada a inflação, segundo cálculos do economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Dantas apontou que, por conta dos preços, o consumo de gás de cozinha no Brasil caiu no primeiro semestre deste ano, registrando o pior desempenho desde 2014. De janeiro a julho, a venda de botijões de GLP caiu 4,5% comparada ao mesmo período de 2021.
Nas regiões Sul e Sudeste, houve queda de 5,9% e 5,7%, respectivamente. Já no Rio Grande do Sul e Minas Gerais as vendas diminuíram quase 8%.
A análise de Dantas está baseada em dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre GLP vendido em vasilhames de até 13 quilos, os mais usados em residências.
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Lenha substitui gás
“Em 2021, o consumo de lenha foi o maior em mais de uma década, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética [EPE]. O cenário atual, lamentavelmente, é de mais lenha e menos gás. Nem o auxílio gás foi até agora suficiente para impedir esse retrocesso, o que mostra o tamanho do problema", complementou o economista.
Desde 2018, ano da eleição de Bolsonaro, o preço do gás começou a subir. Com isso, a lenha passou a ser a segunda fonte de energia residencial mais utilizada no Brasil, de acordo com dados da EPE. A principal fonte de consumo é a energia elétrica e, em terceiro lugar, aparece o gás de cozinha.
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Quedas pré-eleição
Desde julho, a Petrobras tem anunciado sucessivas quedas em preços de diferentes combustíveis. As reduções acontecem depois de Bolsonaro trocar o presidente da estatal pela quarta vez durante seu mandato. Só a gasolina já foi reduzida quatro vezes.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) liga essas reduções à campanha de reeleição do presidente. “Às vésperas das eleições, a estratégia eleitoreira do presidente da República é anunciar pequenas e sucessivas reduções de preços dos combustíveis. A política de preços agora é determinada pelas lives de quinta-feira e pelas pesquisas eleitorais”, declarou o coordenador-geral da entidade, Deyvid Bacelar, no início do mês.
Apesar disso, desconsiderando essas reduções recentes, o governo Bolsonaro é campeão em aumentos da gasolina. O preço do combustível acumulou em seu governo, até junho, uma alta semelhante à registrada durante os mais de 13 anos em que membros do Partido dos Trabalhadores (PT) presidiram o país.
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De janeiro de 2019 – quando Bolsonaro assumiu à Presidência – a junho de 2022, a gasolina subiu 69%, segundo dados tabulados pelo OSP.
Já de janeiro de 2003 – quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse – a maio de 2016 – mês em que a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi afastada por conta do processo de impeachment –, o preço subiu 72%.
Edição: Rodrigo Durão Coelho