Hoje (11) é o Dia Nacional do Cerrado, bioma que abriga nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas do país e é considerado a savana mais biodiversa do mundo. Ainda assim, há poucos motivos para comemorar: ele tem sido foco constante de queimadas, derrubadas de árvores e do avanço da fronteira agrícola.
De acordo com estudos do Mapbiomas, as atividades do setor agropecuário foram responsáveis por 98,8% do desmatamento no Cerrado entre 1995 e 2020. O bioma concentra 30% de toda área desmatada no Brasil.
Um levantamento de pesquisadores brasileiros publicado na revista Global Change Biology concluiu que esta perda da vegetação nativa resultou em um aquecimento médio da temperatura de até 3,5ºC em algumas partes do Cerrado, nos últimos 15 anos.
"A destruição da fauna e da flora do Cerrado também significa a destruição das pessoas. O Dia do Nacional do Cerrado é um dia de conscientização, luta e esperança", diz Pedro Ivo da Associação Alternativa Terrazul.
A falta de políticas públicas que preservam o bioma tem ameaçado não só a fauna e flora como também os povos tradicionais, que dependem do ecossistema para manterem seu modo de vida. Na última sexta-feira (9) , o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou o projeto de lei que reduz em cerca de 40% o tamanho da Floresta Nacional de Brasília, criada em 1999 para proteger uma extensão importante da savana, além das nascentes que fluem para o principal manancial de abastecimento de água da capital brasileira, a represa do Descoberto.
Bolsonaro coleciona diversos outros ataques ao bioma, incluindo flexibilizações de normas ambientais, incentivo ao avanço da agropecuária e ataques a populações tradicionais. Aliado ao agronegócio, o atual presidente não colocou em prática o Código Florestal brasileiro e cortou R$ 35 milhões do orçamento do Ministério do Meio Ambiente para 2022.
O resultado das ações pode ser traduzido em números: entre 2021 e 2021, 8,5 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa do Cerrado foram devastados, o equivalente a seis vezes a cidade de São Paulo. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Com esse governo não teremos solução para o Cerrado. Quero, no futuro próximo, comemorar o Cerrado preservado e vivo", conclui Ivo.
Edição: Sarah Fernandes