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O auê do sete de setembro não deve ajudar Bolsonaro a sair de sua bolha, especialmente entre as mulheres - Alan Santos/PR
Bolsonaro demonstrou força ou se despediu da campanha e da presidência no sete de setembro? 

Olá! Faltando três semanas para as eleições, Bolsonaro demonstrou força ou se despediu da campanha e da presidência no sete de setembro? 

.Só faltou a independência. Desde o ano passado, o sete de setembro se tornou símbolo de ameaça golpista. Mas a adesão dos donos do PIB à via democrática e os inquéritos conduzidos por Alexandre de Moraes contra a milícia digital bolsonarista e seus financiadores acabou esfriando a fervura. Apesar das críticas, a postura de Lula de evitar confrontos também pode ter contribuído. Resultado: o sete de setembro deste ano teve muito mais clima de jogo sujo eleitoral do que de golpe. O que não significa que não teve golpista saindo da toca, a começar pelas lideranças fichadas como Roberto Jefferson e Allan dos Santos, passando por PMs que chegaram a ameaçar a esquerda com “cacete, bala e bomba” e empresários que financiaram caravanas para os atos em Brasília, Rio e São Paulo. Isso sem falar do apoio caloroso do agronegócio. Também não faltaram cartazes e faixas com ameaças ao STF e pedidos de intervenção militar. O que uniu gregos e troianos não foi o coração mole de Dom Pedro nem a comemoração da independência. O objetivo de Bolsonaro foi sair das cordas e demonstrar força, fazendo o que sempre faz: atacar a esquerda (no caso, Lula), pautar e aparecer na mídia e animar sua base mais fiel, leia-se militares, evangélicos, ruralistas e empresários. Tudo com dinheiro público, usando escancaradamente o aparato dos atos oficiais para fazer campanha. Mas o TSE adiantou-se e oficializou o registro da chapa Bolsonaro-Braga Netto no dia seis de setembro. Ou seja, apesar das denúncias da oposição, o desvio de recursos públicos e o crime eleitoral não devem dar em nada e Bolsonaro sabe disso. Até porque ter a candidatura cassada nessas condições seria o melhor dos mundos para quem não decola nas pesquisas. Então, a única esperança é que mais este absurdo entre no saldo da conta a ser acertada após as eleições, quando quem sabe as instituições competentes voltem a funcionar.

.Últimas cartas. Se o sete de setembro foi a última tentativa do bolsonarismo garantir um desempenho menos vergonhoso nas urnas, resta saber: o que dirão as pesquisas? Até aqui, passadas quatro semanas do início da campanha eleitoral, a verdade é que pouca coisa mudou. A Ipec mostra um Lula inabalável com 44% das intenções de votos, e até melhor colocado no sudeste e entre os mais pobres, e Bolsonaro perdendo um ponto percentual. A pesquisa Quaest mostra Lula estacionado com os mesmos 44% da semana anterior e Bolsonaro subindo de 32% para 34%. Por fim, a PoderData mostra Lula caindo de 44% para 43% e Bolsonaro subindo de 36 para 37%. Como todas as variações estão dentro da margem de erro, a conclusão é que o cenário continua estável, com vantagem confortável a Lula, mas cada vez mais distante de uma vitória em primeiro turno. Por outro lado, longe de ser o combustível de foguete que a campanha de Bolsonaro esperava, o Auxílio Brasil e o pão com mortadela para caminhoneiros e taxistas se revelou muito mais um tiro de festim. O auê do sete de setembro não deve ajudar Bolsonaro a sair de sua bolha, especialmente entre as mulheres, setor onde está sua maior rejeição em todas as classes, e o “imbroxável” só aprisionará ainda mais o capitão no cercadinho. Sem contar que a morte da Rainha Elizabeth esvaziou o efeito dos atos nas redes sociais. Sobra para a campanha apostar no antipetismo e aumentar os ataques contra Lula, tentando amedrontar e paralisar a militância de esquerda e ao mesmo tempo capturar parte da rejeição ao ex-presidente. Em compensação, a campanha de Lula decidiu antecipar publicamente os esforços para vencer a eleição no primeiro turno. Tanto porque o grau dos ataques de Ciro encerrou a política de boa vizinhança que o PT pretendia manter até a reta final, mas também porque o tom do sete de setembro pode acelerar a convergência do antibolsonarismo desde já. E, neste caso, será necessário disputar os cerca de 13% de votos dos candidatos nanicos, com a vantagem de que os eleitores de Ciro e Tebet são mais propensos a votar no petista. Na prática, bastariam menos de 2% dos votos válidos para fechar a fatura.

 

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Edição: Vivian Virissimo