O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, fez um discurso, na manhã desta quarta-feira (7), durante comemoração do Bicentenário da Independência, em Brasília. No início da manhã, ele assistiu ao desfile militar, na Esplanada dos Ministérios, em homenagem à data.
Depois, quando o desfile acabou, ele discursou em um trio elétrico em uma manifestação organizada por seus apoiadores, na outra faixa da Esplanada. O ato teve forte caráter eleitoral em favor de Bolsonaro.
:: Desfile do 7 de Setembro em Brasília tem tratores do agro, tanques militares e Luciano Hang ::
O público presente em Brasília (DF) exibiu diversas faixas com teor golpista, exibindo pedidos de "intervenção militar" e ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em sinalização ao STF, Bolsonaro disse que, caso reeleito, levará para "dentro" das quatro linhas da Constituição quem estiver "fora delas".
"Podem ter certeza, é obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Com uma reeleição, nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora delas", declarou. Bolsonaro afirmou que, atualmente, "todos sabem" o que é o governo federal, o Congresso e o STF.
Leia outros trechos do discurso de Bolsonaro:
Brasil, terra prometida. Brasil, um pedaço do paraíso. Alegria de ser brasileiro! Orgulho de ter nascido nessa terra. Cores preferidas: verde e amarelo. A liberdade é eterna. Tenham certeza, mais que oxigênio, a liberdade é essencial para nossa vida.
Nenhum país do mundo tem o que nós temos. Temos tudo para sermos mais felizes ainda. Podem ter certeza que, com a graça de Deus, que me deu uma segunda vida e a missão de comandar noas país, atingiremos juntos nosso objetivo.
Hoje, vocês tem um presidente que acredita em Deus, que respeita policiais e militares, um governo que defende a família. E um presidente que deve lealdade ao seu povo. Vocês sabem a beira do abismo que o Brasil se encontrava há poucos anos.
Demos uma nova vida à Esplanada dos Ministérios, com pessoas competentes, honradas e patriotas. Começamos a mudar o Brasil. Veio a pandemia. Lamentamos as mortes. Veio a política errada do “fique em casa, economia a gente vê depois”.
Depois, veio a guerra. E eis que o Brasil ressurge. Com uma economia pujante, com a gasolina das mais baratas no mundo, com o maior programa social do mundo, o Auxílio Brasil. E com um povo que entende onde pode chegar.
Somos uma pátria que não quer a liberação das drogas, a legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero. Um país que respeita a propriedade privada e combate a corrupção para valer. Isso não é virtude, é obrigação.
Temos uma luta do bem com mal. O mal que perdurou por 14 anos no nosso país, que quase quebrou a nossa pátria. E que agora querem voltar à cena do crime. Não voltarão.
Vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos votar e convencer aquele sua pensam diferente de nós. Vamos convencê-lo do que é melhor par nosso país.
Podemos fazer várias comparações, até mesmo entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, ativa na minha vida. E tenho falado para os homens solteiros que estão cansados de serem infelizes. Procure uma mulher, uma princesa, casem com elas para serem mais felizes ainda.
Todos nós mudamos. Todos nos aperfeiçoamos. Todos nós poderemos ser melhores no futuro. Muito obrigado meu Deus por esse momento junto com o povo na Esplanada dos Ministérios. Nunca vi um mar tão grande aqui com essas cores verde e amarela.
Aqui não tem a mentirosa DataFolha. Aqui é o nosso DataPovo. Aqui é verdade. Aqui a vontade de um povo honesto, livre e trabalhador. Daqui a pouco, embarco para o Rio de Janeiro na Praia da Copacabana para participar de um evento semelhante a esse, que vai unir brasileiros dos quatro cantos do país.
Somos todos iguais, queremos o bem da pátria e do nosso país. Tenho certeza que, juntos, em outubro, daremos mais um grande passo para o futuro do nosso país e das nossas famílias.
Leia a repercussão:
PARA OS LIVROS DE HISTÓRIA: ao lado de Bolsonaro, nenhum chefe dos 3 poderes. Câmara, Senado e STF ausentes. Sobrou o Véio da Havan, um empresário golpista e acusado de sonegar imposto pra aparecer na foto. Esse é o nível de isolamento e vexame do miliciano. pic.twitter.com/ydUl1eVLmd
— Boulos 5️⃣0️⃣1️⃣0️⃣ (@GuilhermeBoulos) September 7, 2022
Discurso surreal de BolsoNero em evento comemorativo do Dia da Independência. O que não estranha, já que BolsoNero e o bolsonarismo são surreais.
— Cláudio Couto #ForadaPolíticaNãoháSalvação (@claudio_couto) September 7, 2022
Fez campanha eleitoral, atacou STF, atacou imprensa.
Ao lado, inclusive, do presidente de Portugal, que teve de passar por tal mico.
O discurso de Bolsonaro é um misto de exaltação à virilidade perdida, defesa de um modelo de aspiração teocrática e ataque às instituições democráticas. Mais um capítulo de um imenso passado-presente da extrema direita brasileira.
— Odilon Caldeira Neto (@odiloncaldeira) September 7, 2022
Não, Bolsonaro, tiraremos você da presidência pela via mais democrática que existe: o voto.
— Augusto de Arruda Botelho 4004 (@augustodeAB) September 7, 2022
E não vai ter golpe coisa nenhuma. pic.twitter.com/jO0RrfTuZP
Bolsonaro conclui seu discurso triunfal em Brasília acenando ao lado de um animado Luciano Hang, o Véio da Havan, investigado por suposto envolvimento em organização de golpe de Estado
— Jeff Nascimento (@jnascim) September 7, 2022
Vale a pena dar mais 28 dias para esse tipo de campanha extremista? #LulaNo1ºTurno pic.twitter.com/JG36gC17bf
Momento Zorra Total no comício da Esplanada. Bolsonaro beija a primeira-dama e inicia um coro para si mesmo: “Imbrochável! Imbrochável! Imbrochável!” #OGlobonasEleicoes pic.twitter.com/MAY4MyNWbQ
— Bernardo Mello Franco (@BernardoMF) September 7, 2022
Edição: Thalita Pires