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Prender "microtraficantes" não resolverá problemas, diz pesquisador colombiano

Professor da Pontificia Universidade Javeriana comenta a política de drogas defendida pelo novo presidente

São Paulo (SP) |
Apreensão de cocaína em Miami, nos EUA - Wikimedia Commons

A proposta feita pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, na semana passada aos Estados Unidos sobre uma mudança na política de drogas e principalmente no acordo de extradição que ela sustenta, está sendo discutida por acadêmicos colombianos.

O recém-empossado Petro defende que a atual política de drogas do país não funciona porque criminaliza uma importante fonte de renda dos camponeses: o plantio de coca. Ele defende que o Estado deve atuar para "construir alternativas de substituição de cultivos. Isso inclui a substituição de terras e inclui processos de agroindustrialização de novas culturas sem os quais não é possível obter a mesma rentabilidade da pasta de coca."

O presidente colombiano também afirmou que os traficante que não "negociar com o Estado" será extraditado para os EUA, assim como aqueles que negociarem, mas depois reincidirem no crime. Neste caso de reincidência, a extradição deverá ser "sem qualquer tipo de negociação", destacou Petro.

Para o professor de direito penal da Pontifícia Universidade Javeriana, Norberto Hernández, a proposta de Petro é a primeira tentativa do estado colombiano de mudar uma política antidrogas que claramente fracassou. O pesquisador, todavia, defende que o mecanismo de extradição deve continuar nos seus moldes atuais.

"Primeiro está a criminalização do traficante, mas os menores elos são os microtraficantes. São eles que, de alguma forma, sem justificar o crime, estão cometendo esse tipo de comportamento e estão sendo privadas de liberdade. E, infelizmente, o fenômeno que leva a esse flagelo não está sendo combatido a fundo", diz Hernández.

De acordo com o mais recente relatório do Escritório Nacional de Políticas de Controle de Drogas, em 2021, as plantações de folha de coca na Colômbia atingiram 234 mil hectares.

Edição: teleSUR