golpe nunca mais

Na Bolívia, movimentos populares realizam ato nacional em apoio a governo de Luis Arce

Manifestantes caminharam cerca de 12km até a capital La Paz e foi acompanhada pelo ex-presidente Evo Morales

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cerca de 10 mil bolivianos ocuparam a praça São Francisco, no centro de La Paz, na "Marcha pela Democracia e a Reconstrução Econômica" - Aizar Raldes / AFP

Nesta quinta-feira (25), milhares de bolivianas e bolivianos percorreram cerca de 12 quilômetros, da cidade de El Alto até a capital La Paz, na "Marcha pela Democracia e a Reconstrução Econômica". O ato foi convocado pelo Movimento Ao Socialismo (MAS-IPSP) como uma forma de demonstração de apoio ao presidente, Luis Arce, e seu vice, David Choquehuanca. 

Ambos estiveram presentes na manifestação, acompanhados do ex-presidente Evo Morales. "A unidade é o triunfo do povo e a derrota do império. Nossa tarefa e responsabilidade é garantir a unidade das nossas organizações sociais ante afãs divisionistas da direita interna e externa", declarou o ex-presidente boliviano. 

"Para o povo o que é do povo", cantou o presidente Luis Arce durante o ato em La Paz, nesta quinta-feira (25)

Nas últimas semanas, a imprensa local passou a difundir notícias que sugeriam que existia uma cisão dentro do MAS-IPSP. Em resposta, o Movimento convocou suas bases de mineiros, organizações interculturais, os "Poncho Rojos" - grupos de autodefesa camponesas - além das frentes de mulheres, as bartolinas, em 20 províncias do país para ocupar o centro da capital boliviana. 

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"Esta marcha foi convocada para garantir a gestão do presidente Lucho Arce. Não permitiremos que pequenos grupos desestabilizem o país", disse o presidente da  Federação Nacional de Cooperativas Mineiras (Fencomin), García Choque.


Federação de Mulheres, as chamadas Bartolinas, também se somaram à Marcha pela Democracia na Bolívia / MAS-IPSP

Além da suposta cisão interna no partido governante, também houve repercussão das tensões entre o governo central e o governador do estado de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, um dos protagonistas do golpe de Estado de 2019. Camacho exige que o censo populacional de 2023 seja realizado ainda este ano e estimula protestos dos Comitês Cívicos contra o governo.

Segundo as autoridades, não há condições técnicas para realizar o censo nos próximos meses, mas "se realizará com cuidado técnico", assegurou o chefe de Estado. 

Em novembro de 2021, quando o MAS-IPSP completou um ano de gestão, Camacho também liderava protestos e bloqueio de rodovias na região em que governa, a fim de polarizar com o governo nacional. Santa Cruz, fronteira com o Brasil, é o estado com maior PIB do país, concentrando o polo empresarial boliviano. Faz parte da chamada Meia Lua (Media Luna), região de maioria branca, rica em hidrocarbonetos, como o gás natural, e com forte presença do agronegócio, onde foram registrados conflitos separatistas em 2008. Além de Santa Cruz, abrange os estados de Tarija, Chuquisaca, Beni e Pando, no oriente boliviano.

"O povo aprendeu que desde 2019 até hoje a direita só está interessada em enriquecer-se, o povo boliviano aprendeu que a direita só tem canto de sereia para eles, não há realidade, não há programa", disse o presidente durante o ato. 


Evo Morales, Luis Arce e David Choquehuanca participaram juntos da "Marcha pela Democracia" e falaram em unidade contra boatos sobre divisão interna no governo boliviano / MAS-IPSP

Arce está chegando à metade do mandato presidencial cumprindo suas principais promessas de campanha, relacionadas à recuperação econômica e a responsabilização dos protagonistas do golpe de Estado. O presidente assumiu o país com uma retração de 4,6% no PIB e no primeiro ano de gestão garantiu um crescimento econômico de 6,1%. A Bolívia também possui uma das menores taxas de desemprego da região, 4,5%, assim como a menor inflação nos preços de produtos ao consumidor, registrando uma variação de 0,9% em 2022, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística.

Além disso, a ex-senadora e presidenta golpista Jeanine Áñez foi condenada a dez anos de prisão, assim como outros ex-ministros e militares acusados de arquitetar o golpe.  

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"Estamos aqui protegendo nossa vida. Não vamos permitir outra ruptura democrática na nossa querida Bolívia", disse o líder indígena do Conselho Nacional dos Ayllus e Markas de Qullasuyo (Conamaq), Juan Ramiro Cucho.

O vice-presidente David Choquehuanca convocou a unidade nacional entre trabalhadores, camponeses, empresários em defesa da democracia. "Novamente há vozes que falam de outro golpe de Estado, mas nosso povo já tem experiência, por isso convocam essa manifestação para dizer que golpistas não passarão", declarou Choquehuanca durante o ato na praça de São Francisco, centro de Laz Paz. 


*Com informações de ABI, La Razón, Página Siete e Kawsachun News 

Edição: Thalita Pires