Sem reposição salarial desde 2016, servidores públicos do Paraná têm sofrido com dificuldades financeiras. Muitos, para fechar as contas, precisam buscar trabalhos extras. Apesar de prometer reajuste ao funcionalismo público na greve de 2019, o governador Ratinho Junior (PSD) não cumpriu, justificando que não há recurso suficiente. No início de 2022, dos 36% de perdas acumuladas, o governo concedeu reajuste de 3%.
Em 2019, para encerrar a greve, o governo afirmou que faria reajuste de 5,08% parcelado até 2022, com pagamento de 2% em janeiro do 2020; 1,5% em janeiro de 2021 e mais 1,5% em janeiro de 2022. Mas, já em 2021, suspendeu o reajuste, baseando-se em lei do governo Bolsonaro que congelou os salários dos servidores de todas as esferas.
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Contra o argumento de que não há recursos, o Fórum de Entidades Sindicais (FES) apresentou, algumas vezes, a setores do governo que há como pagar. “Para tentar ludibriar a opinião pública, distorce os dados para esconder que há superávit nas contas deste ano e, pior, irá manter renúncias fiscais de cerca de R$ 17 bilhões para grandes empresários, sobretudo do agronegócio. Em 2020, o governo já havia dado R$ 12 bilhões em renúncias fiscais”, aponta nota do FES.
No meio disso, quem sofre as consequências são os servidores, que já não conseguem sobreviver com salários defasados.
“Já trabalhei de diarista”
O professor da rede pública de ensino André Bufalo Tamioso conta que, além de precisar trabalhar em dois turnos, buscou outra complementação de renda. “Muitas vezes eu já trabalhei de diarista mesmo. Por diária de 70 a 80 reais, nas horas que sobram das aulas. Também, junto com a minha esposa, cuidamos de animais de estimação para as pessoas que vão viajar”, relata. André, além dos "bicos", trabalha em duas escolas no município de Sarandi.
Para ele, se não houvesse a defasagem salarial, a realidade poderia ser mais tranquila. “Tudo isso que a gente tem de fazer é porque nosso salário está muito defasado. Sobe tudo e o salário está estacionado”, diz.
"À noite, corto cabelos"
Já as servidoras da área da administração pública Amanda Biriba e Graciele têm garantido renda extra cortando cabelos, fazendo depilação e manicure. “Faço depilação e manicure para complementar o salário. O que ganho, já faz tempo, não dá”, diz Graciele.
É o caso também de Amanda, que trabalha como servidora pública há mais de 10 anos, mas, no último ano, precisou buscar mais trabalho fora do expediente. “Tenho dificuldades de pagar as contas mensalmente devido ao valor que recebo não ser mais suficiente. Diante desta situação, à noite e finais de semana faço cabelos e também vendo roupas”, conta.
Resposta do governo
A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a assessoria do governo estadual. Por meio de nota, o governo informou que "tem investido sistematicamente nas carreiras dos servidores. Concedeu reajustes no começo da gestão, em 2019, após acordo com as categorias, e em 2022 retomou a programação dos avanços nas carreiras. No meio do período, durante a pandemia, uma lei federal impediu qualquer aumento de despesa com os servidores estaduais."
O texto destaca que o governo do Paraná mantém "diálogo constante com todas as entidades representativas, respeita as suas demandas e busca adequá-las em conjunto com a manutenção do equilíbrio das contas públicas."
Ainda conforme a nota enviada pela assessoria do governo, a gestão está quite com os servidores. "Todas as carreiras têm recebido atenção. Foi instituído um auxílio-alimentação para servidores da ativa, quitadas as progressões e promoções pendentes, e houve concursos públicos e convocação de servidores nas áreas do meio ambiente e na segurança pública", informa.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini