A primeira Caravana das Originárias da Terra vai percorrer comunidades indígenas do Sul do Brasil, entre os dias 18 e 25 de agosto, em territórios dos três estados da região. A Caravana é promovida pela Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e vai visitar os territórios do Tekoha Y’hovy (PR), TI Morro dos Cavalos (SC) e TI Por Fi Ga (RS).
Segundo a Articulação, a expectativa é reunir, ao todo, cerca de 200 mulheres indígenas. O objetivo da Caravana será promover ações de fortalecimento, protagonismo, acolhimento e reflexão sobre a importância dos biomas e territórios de todo o Brasil e sobre a conquista da autonomia das mulheres indígenas para a participação e ocupação de espaços institucionais e tomada de decisões, valorizando suas diversas ancestralidades.
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“A caravana faz esse processo de formação e escuta, de partilhar e compartilhar e também levar e carregar e deixar força para as mulheres de diversos povos. Eu acho que essa conexão de vozes e essa conexão de escuta só fortalece o trabalho que a gente vem realizando enquanto ANMIGA e ficamos felizes de poder ter essa oportunidade de chegar nos territórios”, afirma a diretora executiva da organização, Braulina Baniwa.
Durante a Caravana, serão realizados debates e ações sobre os seguintes eixos: mudanças climáticas e reflorestarmentes; participação e representação das mulheres indígenas nos espaços de poder; bioeconomia indígena; violência baseada em gênero e violações de direitos contra as mulheres indígenas nos territórios e fora dos territórios; articulação das redes de apoio às mulheres vítimas de violência de gênero; e mobilização e fortalecimento de coletivos/associação de jovens e mulheres indígenas.
A Caravana das Originárias da Terra 2022 está percorrendo todos os biomas do território nacional brasileiro, desde maio, realizando encontros presenciais em territórios representativos. No sul, a Caravana começa no Paraná, no Tekoha Y’hovy, Terra Indígena Guasu Guavirá, no município de Guaíra. Em Santa Catarina, as mulheres irão se reunir na Terra Indígena Morro dos Cavalos, na cidade de Palhoça; e, no Rio Grande do Sul, na Terra Indígena Por Fi Ga, em São Leopoldo.
Antes de vir à região Sul, a Caravana ocupou o território do estado de Rondônia, nos dias 15 e 16 de agosto, no município de Cacoal, onde mais de 50 mulheres, de 14 diferentes povos, participaram do encontro. “Ao longo desses treze encontros, a gente pôde ouvir, a partir das dores, a força das mulheres na defesa dos direitos, na defesa dos territórios e em defesa, principalmente, dos seus filhos. Porque, para além do encontros nos territórios, a gente também escuta essa força de manter os conhecimentos milenares de seus povos, de suas avós, de seus anciões, e que a gente considera muito importante, principalmente quando se pensa num espaço de representação”, lembra Braulina.
Proposta é resultado da Marcha das Mulheres Indígenas
Segundo a Articulação, a proposta de realizar a Caravana surgiu durante a primeira Marcha das Mulheres Indígenas, realizada em agosto de 2019, em Brasília, momento também que marca a criação da ANMIGA.
“A Caravana das Originárias da Terra 2022 é a realização de um sonho de mulheres indígenas que são lideranças a nível de Brasil e que se conectaram, se reencontraram e propuseram esse projeto inédito pra que as mulheres pudessem marchar dentro do território, para um processo de escuta, para um processo de reencontro e encontro com as mulheres de diversos povos no Brasil”, ressalta Braulina.
A Caravana das Originárias da Terra na região Sul é realizada em parceria com o projeto Moviracá: direito à terra indígena, fruto da parceria entre o movimento indígena e a Fundação Luterana de Diaconia-Conselho de Missão entre Povos Indígenas (FLD-COMIN), financiado pela União Europeia (UE). Também tem apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD-CAPA), Comissão Guarani Yvyrupa, Conselho Estadual dos Povos Indígenas de SC (Cepin), Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e Instituto Kaingáng.
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko