A partir da próxima sexta-feira (19), o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos abre suas portas com uma programação cultural repleta de muita arte, homenagens ao povo afro-brasileiro e seus ancestrais.
Do lado de fora, na fachada da instituição, o artista visual Ozi, um dos pioneiros do graffiti no Brasil, assina o mural "Sankofa" criado com a técnica de estêncil, com dimensão de 15 m². A obra é uma parceria inédita com a poeta Mel Duarte, que é retratada na obra como uma deusa africana-barroca e produziu um texto exclusivo para a pintura, cujo trecho inicial começa com a seguinte frase: "Em memória aos nossos antepassados, em respeito às suas infindas histórias".
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Já na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, simultaneamente, acontece a abertura da exposição "Ourubu", do artista visual Mulambö, que apresenta uma paródia sobre o ciclo natural da vida até a morte, na qual o personagem central é um urubu dourado, representado em uma escultura que toma toda a área central da galeria.
Além do Museu Memorial e da Galeria de Arte Contemporânea, o IPN também conta com uma Biblioteca e um auditório constantemente ocupado com a programação de oficinas ao longo de todo o ano.
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Após quase dois anos de distanciamento social, o Museu se encontra funcionando normalmente. As visitações gratuitas acontecem às terças-feiras das 10h às 16h. As pagas são de quarta à sexta das 10h às 16h e aos sábados das 10h às 13h com ingressos a R$ 20,00 (inteira) e R$10,00 (meia entrada).
Sobre o instituto
O sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos (1769 – 1830) é uma das principais provas materiais mais contundentes e incontestáveis encontradas até hoje sobre a barbárie ocorrida no período mais intenso do tráfico de seres humanos. Foram depositados neste cemitério os restos mortais de dezenas de milhares de africanos brutalmente retirados de sua terra natal e trazidos à força para o trabalho escravo.
Apesar de ser considerado o maior cemitério de escravizados deste gênero nas Américas, o terreno destinado aos ''sepultamentos'' é muito pequeno e ocupa ''apenas'' quatro imóveis da rua Pedro Ernesto. Os vestígios arqueológicos e históricos são provas da ação violenta e cruel sofrida pelos africanos que não resistiram aos maus tratos da captura e viagem transatlântica.
Devido ao descaso das autoridades e morosidade na realização de pesquisas, a família Guimarães dos Anjos decidiu fundar o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), nove anos após a descoberta do sítio arqueológico, em 13 de maio de 2005.
O IPN é uma organização não governamental, apartidária e sem fins lucrativos, que tem por missão pesquisar, estudar, investigar e preservar o patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, com ênfase ao sítio histórico e arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, valorizando e salvaguardando parte da memória diaspórica e identidade cultural brasileira.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse