Largada Eleitoral

Quais pistas as primeiras pesquisas eleitorais trazem sobre a disputa para governador no Ceará?

Onde podem crescer e quem está mais consolidado são algumas das questões levantadas pela professora Monalisa Soares

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Na disputa para o Senado, o ex-governador do Camilo Santana (PT) lidera com folga com 66% das intenções de votos. - Foto: Lívio Pereira

Na última quinta-feira (4) foram divulgadas duas pesquisas de intenção de voto para governador do Ceará. A pesquisa feita pelo Real Time Big Data, contratada pela TV Record, mostra Capitão Wagner (União Brasil), com 35% das intenções de votos, Roberto Cláudio (PDT), aparece em segundo lugar com 26%, com Elmano de Freitas (PT) logo em seguida com 20% das intenções de votos. Adelita Monteiro (PSOL), que na semana passada anunciou a retirada de sua candidatura, alcançou 1%. Zé Batista (PSTU) e Serley Leal (UP) não pontuaram. Brancos e nulos somam 9%, e 8% não opinaram.

Apesar de liderar a pesquisa, Capitão Wagner também é o candidato que tem a maior rejeição. Ele aparece na primeira colocação com 45%, seguido por Elmano com 40% e em terceiro colocado aparece Roberto Claudio com 37%.

Na disputa para o Senado, o ex-governador do Camilo Santana (PT) lidera com folga com 66% das intenções de votos. Inspetor Alberto (PROS), Bardawill (PL) e Pastor Paixão (PTB) aparecem empatados com 2%. Paulo Anacé (PSOL) tem 2% e Marcelo Mendes (Avante) 1%.

A pesquisa do Instituto Real Time Big Data ouviu 1.500 eleitores cearenses nos dias 2 e 3 de agosto. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o nº CE-06152/2022 e encomendada pela Record TV.


Capitão Wagner também é o candidato que tem a maior rejeição com 45%, seguido por Elmano com 40% e em terceiro colocado aparece Roberto Claudio com 37%. / Foto: Máximo Moura/ALECE


No mesmo dia, também foram divulgados os dados da Pesquisa Ipespe, contratada pelo jornal O Povo, apontando Capitão Wagner (União Brasil) na liderança da disputa com 38% das intenções de voto. Seguido por Roberto Cláudio (PDT), que tem 28%, e em terceiro lugar aparece Elmano de Freitas (PT), com 13%. Adelita Monteiro e Zé Batista aparecem com 1%. Serley não pontuou. Brancos e nulo somam 11% e 8% não opinaram.

Para o Senado, Camilo Santana também lidera a pesquisa com um total de 68% das intenções de votos, seguido por Inspetor Alberto (5%), Dr. Cabeto (3%), Carlos Silva (3%) e Paulo Anacé (1%).
A pesquisa Ipespe, contratada pelo O POVO foi realizada entre os dias 30 de julho e 2 de agosto de 2022 e ouviu 1.000 pessoas de todas as regiões do Ceará. A margem de erro máxima estimada é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95,5%.

Monalisa Soares, professora e Coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC) conversou com o Brasil de Fato Ceará sobre os resultados das pesquisas e o que os dados indicam para os próximos passos da corrida eleitoral no estado. Confira.

O que essa pesquisa reflete sobre o atual cenário político do estado do Ceará?

Eu acho que ela é a pesquisa, digamos assim, do patamar, do ponto de largada que nós temos dessas principais candidaturas que nós temos aqui no Ceará. Eu entendo que ainda que a gente esteja no processo de construção de alianças se fechando. Há alguns espaços vazios desse tabuleiro, nesse cenário político, mas digamos assim, que a dimensão estrutural dele está montada. Nós já temos os nomes dos três candidatos definidos e entendo que isso vai ficar muito delimitado em torno dessa competição entre eles três mesmos. Nós não teremos mudanças drásticas provavelmente. Então dificilmente nós teremos até tempo para uma alteração tão significativa. Os acontecimentos que vierem, vão vir em torno dessas três candidaturas e, digamos assim, de uma consolidação e delineamento maior delas para o início da campanha eleitoral.

A porcentagem dos votos brancos/nulos ou não sabem em quem votar está dentro da média, ou está alta?

Bom, sobre o percentual dos votos brancos e nulos, a gente percebe que esse é um dado importante para os candidatos no que se refere, especialmente, aos que não sabem/não responderam, mas mesmo até entre os brancos e nulos, porque é um percentual relativamente significativo, são 19% dos votos, então é em torno desse grupo aí que as três candidaturas vão buscar, digamos assim, o seu avanço. Até porque a gente tem que observar o perfil de consolidação de votos dos candidatos. Já saiu na imprensa que a do Wagner é bem alto, então o Wagner precisa avançar em outros campos e dependendo do grau de fidelização dos eleitores dos demais é nesse campo, de votos brancos/nulos e não sabem/não responderam, que esses candidatos vão buscar o seu crescimento.

Esse estado da pesquisa é um estado “ok”, ele não indica necessariamente, por exemplo, um favoritismo drástico do Wagner a ponto de ganhar no primeiro turno ou uma dificuldade do candidato recém-lançado do PT de conseguir avançar nas estratégias. É uma pesquisa que deixa, digamos assim, tudo um pouco ainda por acontecer, e por acontecer, obviamente, nessa campanha que inicia no dia 15 de agosto e, especialmente, quando nós tivermos os programas de rádio, TV e toda a propaganda nas redes sociais. Então o jogo parece-me com muito dinamismo, obviamente que o Wagner tem o favoritismo, mas esse favoritismo também pode ser tensionado ou diminuído a depender da disputa que ocorrer no processo da ida ao segundo turno.

E para o Senado? A pesquisa já mostra algo mais definido? O que ainda pode mudar nessa disputa?

Por fim, para o Senado eu entendo que, de fato, aí sim, nós temos um cenário já profundamente consolidado e com dificílimas possibilidades de mudança. É muito importante lembrar que nesse processo de consolidação da aliança que ocorreria entre PT e PDT, até o último instante, inviabilizou a possibilidade de uma candidatura muito forte no campo do Roberto Cláudio. Seria mesmo muito difícil, inclusive circulou a ideia de que o senador Tasso Jereissati tentasse recondução, mas ele não colocou essa disposição e mesmo outros nomes que poderiam ter alguma expressão como Doutor Cabeto etc. Eles também, me parece, que juridicamente não se descompatibilizaram a tempo e não poderiam concorrer.

No caso do Wagner também houve sempre essa grande dificuldade. Isso porque, no final, o processo de adesão ao ex-governador Camilo Santana e seu capital político são muito consolidados. Isso torna inevitável o seu franco favoritismo à vaga do senado, a única vaga que tem disponível. E isso é tão evidente no sentido de que o governador Camilo Santana é alguém observado e aderido pela população, que ele continua aparecendo nas pesquisas espontâneas para governador. Então eu acho que nesse caso do Senado, de fato, não haverá nenhuma significativa mudança, dificilmente teria alguém que pudesse tornar o pleito do governador Camilo Santana mais concorrente.

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Camila Garcia