NORDESTE

Cozinha da Solidariedade combate efeitos das chuvas e da fome em 10 cidades de Alagoas

Além do combate à fome, expectativa é demonstrar que a reforma agrária também é capaz de alimentar o país

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Durante a existência do coletivo foram entregues em torno de 5300 refeições - Lucila Bezerra

O tempo chuvoso do inverno nordestino tem superado as expectativas. Até agora, pelo menos quatro estados da região tiveram chuvas que puseram à vista os problemas enfrentados pelas populações mais pobres, com alagamentos, desabamentos e pessoas desabrigadas. Além de ter que enfrentar os impactos das chuvas, a população vulnerável ainda tem que se preocupar com a fome.

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Com fortes chuvas desde o início de julho, rios e lagos transbordaram deixando estragos em 10 municípios de Alagoas e obrigando cerca de 68 mil pessoas a deixarem suas casas. Na contramão desses problemas, a solidariedade tem trabalhado para ajudar quem foi atingido. Desde o início das chuvas, a Cozinha da Solidariedade, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está atuando em Maceió, distribuindo refeições diárias às famílias afetadas pelas chuvas nas comunidades de Levada, zona sul de Alagoas.

Segundo Lucas Nunes, coordenador de Cozinha da Solidariedade, enquanto a população estava se organizando nesse período incerto de chuva, a cozinha serviu refeições na Casa do Congresso do Povo, que é uma estrutura do MST na cidade. “Então, a partir de lá, a gente montou essa cozinha, para que todas as noites a comunidade pudesse levar uma refeição para casa” ressaltou Lucas.

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A Cozinha da Solidariedade distribui diariamente refeições para cerca de 100 famílias que estão em situação de vulnerabilidade na cidade. Somente na primeira semana de atividades, a cozinha serviu quase 300 litros de sopa. Durante a existência do coletivo foram entregues em torno de 5300 refeições. Grande parte dos alimentos que compõem as doações vêm da reforma agrária.

Para Lucas, esse combate que a solidariedade faz contra a fome também tem o objetivo de propagar que a reforma agrária alimenta. “Essa é uma forma que surge para prestar contas à sociedade, inclusive, do que os acampamentos e assentamentos produzem e de como essa solidariedade de classe se dá na comunidade, de trabalhador para trabalhador, de trabalhadora para trabalhadora”, evidenciou Lucas.


MST tem impulsionado ações de solidariedade em todo o país / Bernardo Vaz

Alana Barros, que é voluntária das ações há dois anos, ressaltou que a Cozinha da Solidariedade é também um espaço de conscientização política. Para ela, “a Solidariedade não só alimenta com a comida que é preparada, mas alimenta com um abraço, com carinho, com uma conversa que é feita ali durante o preparo e depois na distribuição do alimento”. Para ela, as ações de solidariedade tem o objetivo também de construir uma intencionalidade política não só de distribuição caritativa da refeição, mas de construir espaços de diálogos com as pessoas.

A cozinha segue mobilizando os mutirões de solidariedade em Maceió diariamente arrecadando alimentos, materiais de higiene pessoal, roupas e utensílios domésticos.

Para ser um voluntário das ações da cozinha da solidariedade em alagoas, acesse as redes sociais @mstalagoas ou @congressodopovomaceio. As doações financeiras podem ser realizadas através do pix: [email protected]

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga