A "temporada de debates" das eleições de 2022 tem início neste domingo (7), com a realização de dez encontros promovidos pela Band. Desde 1982, quando foram promovidas os primeiro pleitos diretos para governador desde o golpe de 1964, o Brasil se acostumou aos embates televisivos, alguns deles, marcantes.
Naquele ano, a Band promoveu o primeiro debate entre candidatos ao governo de São Paulo, reunindo os postulantes de cinco legendas: Rogê Ferreira (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jânio Quadros (PTB), Reynaldo de Barros (PDS) e Franco Montoro (PMDB).
Na ocasião, o debate mediado por Joelmir Beting teve um de seus melhores momentos na interação entre Montoro e Jânio. O peemedebista fez uma pergunta citando um livro de Carlos Lacerda, inimigo político do ex-presidente, no qual o autor afirmava que a renúncia havia ficado para o Brasil "mais cara do que a construção de Brasília". Jânio rebateu: "O senhor acaba de querer citar as Escrituras valendo-se de Asmodeu ou de Satanás", arrancando risos do próprio Montoro.
À época, os debates tinham regras bem mais flexíveis e a própria mediação, de uma forma geral, era mais tolerante, o que permitia trocas de ideias (e muitas vezes de insultos) mais frequentes e sem interrupção. E a influência dos chamados marqueteiros também era bem mais limitada do que nos dias atuais, propiciando também uma espontaneidade maior.
O embate entre Covas e Maluf
No segundo turno de 1998, Covas e Maluf protagonizaram, também em encontro organizado pela Band, diversas trocas de acusações, com o tucano tentando realçar o passado político do adversário, de colaboração com a ditadura e ligado a denúncias de corrupção, enquanto o ex-governador buscava se esquivar, apontando que queria discutir "planos de governo".
Nas considerações finais, o pessedebista provocou o rival dizendo ter procurado "com lupa" em uma foto do ato pelas Diretas Já em São Paulo onde estaria Maluf. Em sua fala, o candidato do PPB citou Gonçalves Dias para atribuir a seu rival falta de comando e concluiu com uma inusitada declaração de amor.
Márcio França e a "farinata" de João Doria
Com uma eleição acirrada e os candidatos quase sempre próximos nas pesquisas de segundo turno, João Doria e Márcio França protagonizaram debates agressivos nas eleições 2018.
Em um desses encontros, o então governador perguntou ao rival se ele havia oferecido para sua família a "farinata" que a prefeitura de São Paulo, na gestão Doria, planejou distribuir na rede municipal de ensino. Ao fim do embate, o tucano reclamou que havia sido interrompido nas suas respostas, no que o mediador Fabio Pannunzio retrucou: "Mas o senhor também interrompe ele sempre. Estamos empatados aqui".
Edição: Glauco Faria