O programa Papo na Laje desta quinta-feira (4) discute sobre a resistência dos terreiros e das religiões de matriz africana diante do racismo religioso. O episódio foi gravado no Centro de Tradições Ylê Asé Egi Omin, casa de candomblé situada em Santa Teresa, centro do Rio de Janeiro.
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Os dois convidados do episódio, os jovens de axé Giselle Florentino e Patrick Melo, fazem parte da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), organização da Baixada Fluminense que atua com ações de enfrentamento à violência de Estado. Além da espiritualidade, Giselle destaca que as comunidades de terreiro também são locais de acolhimento.
"A gente pauta o terreiro como uma sistemática de pessoas que garantem assistência social, alimentação, saúde e uma série de outras políticas sociais que o Estado não nos fornece. As pessoas conseguem redes de contato para empregabilidade, renda, apoio espiritual, financeiro e social", disse a coordenadora do IDMJR e Abian do Ylê Asè Egi Omin.
Duque de Caxias, campeã do Carnaval 2022 com enredo sobre Exu, registrou o maior número de denúncias de intolerância religiosa entre os municípios da Baixada Fluminense, de acordo com o último relatório da CPI da intolerância Religiosa da Alerj. Dos 37 casos na região em 2021, mais de 50% aconteceram na cidade.
"Nós entendemos os ataques como um projeto de poder que está colocado há muito tempo e nos posicionamos enquanto comunidades tradicionais de matriz africana.O aumento da intolerância tem a ver com a situação do país, de disputa de poderes", afirma Patrick sobre as invasões a terreiros, principalmente em áreas de milícias.
No programa, eles defenderam que das lideranças religiosas sejam reconhecidas como defensores e defensoras de direitos humanos. E que a liberdade religiosa não é apenas uma questão de segurança pública.
"O racismo religioso é um processo colonizador, o tempo inteiro estamos sob ataque. Aqui, a gente tem refúgio e discernimento da nossa função social, inclusive. Nossos esforços e luta estão aqui para manter uma comunidade consolidada, forte, aguerrida, e sobreviver", completa Giselle.
O estado do Rio de Janeiro conta com a Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), especializada no atendimento de vítimas de racismo, homofobia e intolerância religiosa. A unidade funciona no centro do Rio, na Rua do Lavradio, nº 155. Os registros também podem ser feitos pela Delegacia Online da Secretaria de Estado de Polícia Civil.
O programa Papo na Laje é transmitido na TV Comunitária do Rio de Janeiro, canal 6 da NET, e no canal do YouTube do programa, todas as quintas, às 18h. A partir desta temporada também é possível assistir em toda Grande São Paulo no canal aberto digital da TVT, também as quintas, às 20h.
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Edição: Mariana Pitasse