Organizações sociais e populares reunidas no 10º Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa) lançaram uma declaração pelo fim da exploração colonial da Amazônia e suas riquezas naturais. O evento, que surgiu há 20 anos no âmbito do Fórum Social Mundial, foi realizado entre os dias 28 e 31 de julho em Belém (PA).
A carta propõe traz propostas políticas para que os povos da Amazônia tenham garantidos seus direitos territoriais. O documento defende a luta pela autodeterminação de indígenas, negros, quilombolas, camponeses e ribeirinhos, além de prevalência de atividades econômicas em harmonia com a natureza.
As ameaças crescentes ao bioma "derivam de um sistema de opressão patriarcal, racista, capitalista e colonial, que localizou a grande bacia amazônica como a sua mais recente fronteira de expansão, colocando em risco todas as formas de vida e aqueles que as defendem", afirma a carta.
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A declaração do Fórum Social Pan-Amazônico é fruto da articulação política de representantes de povos da floresta e urbanos de todos os gêneros e idades, distribuídos nos nove países da bacia amazônica: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Os movimentos sociais e populares reconhecem a Amazônia como vital para a manutenção da vida humana no planeta. Por isso, a exigência é de "medidas reais contra o desmatamento, degradação e aumento das emissões [de carbono], e não com a maquiagem das chamadas economias verdes".
"Reiteramos que embora os perigos tenham aumentado, as lutas e a resistência adquiriram uma força sem precedentes que deve continuar a crescer. Os povos da Pan-Amazônia estão a organizar-se, juntando-se, lutando pelos seus territórios e culturas, para tornar possível um futuro", diz o documento.
Batalha pela existência
O Fospa surgiu em 2001, também em Belém, com raiz a partir do acúmulo de troca de experiências no 2º Encontro pela Humanidade e contra o Neoliberalismo, em 1999, e logo depois, durante o 1º Fórum Social Mundial.
A última edição aconteceu em 2020, na cidade de Mocoa, na Colômbia, em formato virtual devido à pandemia. O evento retorna neste ano ao modelo presencial no ápice das discussões em torno da preservação da Amazônia, que vem sofrendo sucessivos massacres a nível global.
"A Amazônia não interessa apenas aos povos que vivem nela, interessa a toda humanidade. Não vai ser possível deter as mudanças climáticas sem deter a destruição da Amazônia. Ela é um dos locais do mundo onde a humanidade trava sua batalha pela existência", afirmou Luiz Arnaldo Campos, integrante da organização do Fórum.
Edição: Nicolau Soares